Camões como inspiração do Romantismo em exposição do Museu Nacional de Arte Antiga
Os desenhos preparatórios da pintura “A Morte de Camões”, de Domingos Sequeira (1768-1837), vão estar no centro de uma exposição dedicada ao poeta do século XVI a inaugurar em julho no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa.
Intitulada “Épico e Trágico – Camões e os Românticos”, a exposição, comissariada pelas historiadoras de arte Alexandra Markl e Raquel Henriques da Silva, irá evocar o contexto em que o poeta foi transformado em figura mítica para o Romantismo português, indicou hoje o museu à agência Lusa.
A exposição irá decorrer desde meados de julho até ao final de setembro, no quadro das comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões (1524-1580), autor d’”Os Lusíadas”.
No centro da exposição estará um conjunto de desenhos preparatórios do artista Domingos Sequeira para a pintura “A Morte de Camões”, exposta em 1824 no Salão de Paris, depois enviada para o Rio de Janeiro e oferecida ao imperador Pedro I (Pedro IV de Portugal), e que chegou a ser novamente vista em França, mas cujo paradeiro é atualmente desconhecido, segundo o MNAA.
Os desenhos preparatórios — provenientes do MNAA, do Museu Nacional Soares dos Reis e de coleções particulares – evocam o poeta nos últimos momentos de vida, recebendo a notícia da derrota do rei Sebastião na batalha de Alcácer Quibir, em Marrocos.
Na mesma exposição estarão obras de Francisco Vieira Portuense (1765-1805) que ilustram cada um dos 10 cantos da epopeia, num projeto para uma grandiosa edição que não chegaria a ser concretizada.
Desde finais do século XVIII, Camões e a sua vida aventurosa tornaram-se motivo literário e artístico, e alguns temas d’”Os Lusíadas” conheceram crescente divulgação internacional, contextualizados por uma cultura pré-romântica que também vai inspirar artistas como o portuense Francisco José Resende (1825-1893) e o mestre do Realismo Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), autor da pintura “Camões e as Tágides” (1894).
O conjunto de obras a ser exposto no MNAA a partir de meados de julho tem como objetivo recordar o arranque do romantismo na arte portuguesa, comprometido com a celebração da história nacional e dos seus heróis.
Os temas camonianos, incluíndo as lendas associadas aos últimos momentos do poeta, continuaram a ter eco e a ser abordados, durante todo o século XIX, tanto por pintores portugueses como por alguns europeus.
AG // MAG
By Impala News / Lusa
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