Caves do Vinho do Porto não constam da lista de candidaturas a Património Mundial
As Caves do Vinho do Porto não constam da lista de candidaturas a Património Mundial, o que contraria várias promessas de sucessivos executivos autárquicos de Vila Nova de Gaia, informou a Comissão Nacional da UNESCO.
Em resposta à agência Lusa, esta comissão que faz parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros indicou não ter conhecimento de qualquer candidatura das Caves do Vinho do Porto a Património Mundial.
“Bem que, aliás, não consta da Lista Indicativa de Portugal”, acrescentou a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
A intenção de candidatar as Caves do Vinho do Porto a património da humanidade foi anunciada por sucessivos executivos de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
Em junho de 2005, o então presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes (PSD), anunciou que pretendia apresentar “no início de 2007, em termos nacionais”, a candidatura das Caves de Vinho do Porto a Património Mundial da UNESCO.
“Este assunto tem sido tratado entre a Câmara Municipal e os sucessivos ministros dos Negócios Estrangeiros”, afirmou Luís Filipe Menezes.
O autarca reagia a um comunicado da Comissão Nacional da UNESCO que garantia, nessa data, que esta proposta não constava da mais recente lista de bens portugueses candidatos àquela distinção, uma resposta à Lusa idêntica à de agora, altura em que este tema voltou a gerar polémica em Vila Nova de Gaia.
Em comunicado, no final de setembro, o ex-vice-presidente da Câmara de Gaia e ex-deputado na Assembleia da República, Firmino Pereira (PSP), interpelou o atual presidente da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues (PS), sobre este tema.
“Após nove anos [Eduardo Vítor Rodrigues anunciou em 2015 que a candidatura ia ser preparada], ninguém conhece se a candidatura foi apresentada à UNESCO. Desperdiçou uma oportunidade de valorizar Vila Nova de Gaia, nomeadamente o seu Centro Histórico. Não passou de mais uma ilusão”, considerou o social-democrata.
Em causa está o anúncio de Eduardo Vítor Rodrigues, a 19 de novembro de 2015, de que pretendia apresentar no verão seguinte a candidatura das Caves de Vinho do Porto a património da humanidade.
“O prazo para a apresentação das candidaturas termina no início de 2017. Mas vamos apresentar antes, no verão do próximo ano”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues, à Lusa.
Na mesma data, o autarca socialista que cumpre o terceiro e último mandato, indicou que a equipa que iria preparar a apresentação da candidatura, que pretendia incluir o centro histórico de Gaia maioritariamente ocupado pelas Caves de Vinho do Porto, já tinha sido constituída, estando concluído o estudo de ordenamento do território naquele espaço.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Gaia disse, na sexta-feira, que “a candidatura está a ser preparada”.
“Infelizmente, este processo já estaria resolvido se as Caves tivessem sido inseridas na candidatura original”, disse o autarca, referindo-se, segundo o próprio, a uma candidatura “feita nos finais dos anos 90, que excluiu as Caves e apenas incluiu o Mosteiro da Serra do Pilar sem qualquer referência a Gaia”.
Este nem sempre foi um tema pacifico entre as entidades ligadas ao setor.
A 25 de novembro de 2015, a diretora da Associação de Empresas do Vinho do Porto assumiu temer as restrições causadas por uma eventual classificação pela UNESCO.
“Levanta alguma preocupação porque não sabemos as implicações e restrições que pode acarretar numa área com uma indústria como a do vinho do Porto”, afirmou à Lusa Isabel Marrana, lembrando, já na época, que esta era uma ideia com “mais de 10 anos que não foi concretizada”.
Já o então presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), Manuel de Novaes Cabral, disse que a elevação das Caves do Vinho do Porto a Património Mundial fecharia “um ciclo virtuoso que vai renovar o valor turístico, cultural e económico da região, das cidades, do Vinho do Porto e do seu património”
Em 2006, a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima (PS), considerou que uma candidatura desta natureza tinha condições para ser aceite pela UNESCO.
Numa visita de trabalho a Gaia, a 19 de abril de 2006, a governante garantiu “apoio diplomático junto da UNESCO”.
“A candidatura é da maior importância para a região do Douro”, disse Isabel Pires de Lima.
Nessa data, Luís Filipe Menezes considerou: “esta é uma candidatura que fatalmente terá sucesso”.
“O triângulo constituído por Porto, Gaia e Douro tem uma lógica global, intrínseca e indiscutível”, referiu.
PFT (LIL/PD/JAP) // PSC
By Impala News / Lusa
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