China anuncia aumento de 7,2% no orçamento da Defesa

A China anunciou que vai aumentar os gastos com a Defesa em 7,2%, em 2025, em linha com o ano anterior, num contexto de rivalidade geopolítica com os Estados Unidos e de tensões com Taiwan.

China anuncia aumento de 7,2% no orçamento da Defesa

O orçamento foi anunciado na abertura da sessão plenária da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo do país asiático.

O aumento é o mesmo do ano passado e fica muito abaixo dos valores percentuais de dois dígitos da década anterior, refletindo um abrandamento geral da economia. Os dirigentes do país fixaram um objetivo de crescimento do PIB de cerca de 5% para este ano.

Pequim planeia gastar o equivalente a 231 mil milhões de euros na Defesa – cerca de três vezes menos do que Washington.

As despesas militares da China são, porém, as segundas maiores do mundo, atrás dos Estados Unidos.

Este anúncio surge depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter proposto, em fevereiro, a realização de uma cimeira com o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente russo, Vladimir Putin, para negociar uma redução nos orçamentos de Defesa das três grandes potências. Pequim contrapôs que Washington deve assumir a iniciativa.

O anúncio surge também numa altura em que os europeus estão a considerar um grande aumento dos orçamentos militares, face ao desinteresse de Trump na aliança transatlântica.

A China argumentou que tem uma política militar “defensiva” e que o único objetivo é preservar a soberania – o que implica, no entanto, a potencial conquista de zonas consideradas território nacional.

É o caso de Taiwan, de grande parte das ilhotas do mar do Sul da China – onde Pequim registou vários incidentes com as Filipinas no último ano – e das ilhas Senkaku – controladas pelo Japão.

Além de possuir o maior exército permanente do mundo, a China tem a maior marinha e recentemente lançou o terceiro porta-aviões. O país possui uma enorme reserva de mísseis, caças, navios de guerra capazes de lançar armas nucleares, navios de superfície avançados e submarinos movidos a energia nuclear.

A China tem também uma base militar em Djibuti, no Corno de África, e modernizou a base naval de Ream, no Camboja, que lhe oferece uma presença semipermanente no Golfo da Tailândia, de frente para o mar do Sul da China.

Para justificar o aumento das despesas militares, Pequim sublinhou a necessidade de melhorar as condições de vida dos soldados, de efetuar exercícios ou de dispor de melhor equipamento.

“As despesas centram-se na atualização tecnológica, na reestruturação das forças, na expansão das capacidades navais e aeroespaciais” e na “dissuasão nuclear”, sublinhou Adam Ni, analista australiano e autor do boletim China Neican.

“Continua a ser razoável, especialmente porque os europeus também estão a aumentar as suas despesas face à invasão russa da Ucrânia e às ameaças à segurança europeia”, afirmou Niklas Swanström, diretor do Instituto para a Política de Segurança e Desenvolvimento (ISDP), uma organização de investigação com sede em Estocolmo.

Em relação ao peso económico da China, as despesas militares continuam a ser moderadas. Em 2023, representaram 1,67% do PIB. Muito atrás da Rússia (5,86%) e dos Estados Unidos (3,36%).

“Embora o orçamento da Defesa da China esteja a aumentar em termos absolutos, representa cerca de 5% do total das despesas públicas, muito abaixo do dos Estados Unidos (9%) e da Rússia (mais de 30%)”, observou Adam Ni, sugerindo que a China “não está a consagrar recursos nacionais excessivos à sua militarização”.

Em termos de armamento, a China “melhorou consideravelmente, mas ainda está atrasada em relação ao exército norte-americano em vários aspetos, nomeadamente em termos de possuir o seu próprio bombardeiro estratégico furtivo”, que ainda está em desenvolvimento, observou James Char, professor da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Singapura.

Os Estados Unidos têm “um exército concebido para conduzir operações no estrangeiro e ter uma influência global”, observou Adam Ni, mas a China pretende “antes de mais ser uma potência militar regional”.

 

JPI // CAD

By Impala News / Lusa

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