Cientistas demonstram analogia das rochas de Lanzarote com as da Lua

Cientistas espanhóis compararam rochas recolhidas na Lua com as de uma região da ilha de Lanzarote e concluíram que são análogas, abrindo a porta a investigações para produção de alimentos e construção no satélite natural da Terra.

Cientistas demonstram analogia das rochas de Lanzarote com as da Lua

Na investigação, cujas conclusões foram publicadas no ‘site’ “Scientific Reports”, da revista científica Nature, foram selecionadas três zonas de Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias, “com o objetivo de verificar qual delas tinha maior número de características em comum com a superfície lunar” e Peñas de Tao foi considerada como sendo potencialmente análoga ao local onde pousou na Lua, em 1971, a nave Apolo 14, da agência espacial norte-americana (NASA), explicou à agência Lusa o investigador Fernando Alberquilla Martínez.

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A analogia entre as rochas de Lanzarote e as amostras recolhidas pelos astronautas da NASA na Lua foi estabelecida com técnicas de “caracterização petrofísica” – ensaios de dureza, rugosidade, cor, porosidade, saturação, etc. – e de “caracterização geoquímica e mineralógica”, para avaliar em detalhe a composição das rochas, segundo Fernando Alberquilla Martínez, um dos quatro autores do artigo publicado sobre esta investigação, um projeto que faz parte de uma colaboração entre a Universidade Complutense de Madrid e o Instituto de Geociências de Espanha (CSIC-UCM).

Uma vez definida a analogia entre as rochas lunares e de Lanzarote, “decidiu-se elaborar o primeiro simulador regolítico lunar espanhol”, ou seja, um simulador de areia ou de rochas decompostas da Lua, para prosseguir agora com estudos de “geologia planetária” (estudo de objetos com superfícies sólidas no universo) e de “astrobiologia” (relacionada com o estudo da vida no universo).

O simulador de regolito (designação das rochas lunares) espanhol, batizado “LZS-1”, não é o primeiro, porque já foram feitos outros na China e pela NASA, mas esta é “a primeira vez que se elabora um simulador em que se realizaram testes de caracterização de petrofísica vendo o basalto de Lanzarote desde o ponto de vista de um recurso para a habitabilidade da superfície da Lua”, explicou Fernando Alberquilla Martínez, que respondeu às questões da Lusa por escrito.

Assim, esta equipa está agora a colaborar com o Green Moon Project, “uma equipa de especialistas que pretende realizar experiências de cultivo sobre a superfície lunar e que já está a fazer experiências de germinação e crescimento sobre o LZS-1”. O investigador destacou a “importância da utilização de recursos ‘in situ’ [no local] pelos astronautas nas futuras missões” na Lua ou em Marte.

“O planeta Terra é a nossa base primeira de operações sobre a qual temos de nos treinar para alcançar novas metas. Levar um quilograma de material para o espaço é tremendamente caro, um milhão de dólares, aproximadamente. Portanto, é impensável abastecer continuamente de recursos os astronautas que se encontrem nas bases lunares, por exemplo. Desta forma, a única maneira de sobreviver, tal com fizeram os nossos antepassados, é com a utilização de recursos que se encontrem ao seu alcance”, afirmou.

Neste sentido, acrescentou, “a elaboração de um simulador de solo lunar é um excelente ponto de partida para, com os pés na Terra” desenvolver “a tecnologia necessária para obter recursos (alimentos ou colheitas) ou usar o regolito em si mesmo como um recurso (construção de módulos de habitabilidade, painéis antirradiação, caminhos, pistas de alunagem, etc…)”.

Fernando Alberquilla Martínez assinou o artigo publicado no inicio deste mês no “Scientific Reports”, com o titulo original “LZS-1, Lanzarote (Canary Island, Spain) lunar (Apollo 14) basaltic soil simulant”, com os também investigadores do grupo CSIC-UCM Jesús Martínez-Frías, Valentín García-Baonza e Rosario Lunar.

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