Cientistas descobrem alternativa aos antibióticos no tratamento de infeções
Uma equipa de cientistas, incluindo o português Pedro Oliveira, descobriu como enfraquecer geneticamente bactérias patogénicas, nomeadamente as que causam infeções nos hospitais, potenciando o uso de medicamentos mais eficazes que os antibióticos, aos quais ganham resistência, foi hoje divulgado.
O trabalho, publicado na revista científica Nature Microbiology, incidiu na bactéria ‘Clostridioides difficile’, na origem de muitas infeções que ocorrem nos hospitais e que, nos casos mais graves, levam à morte dos doentes. O estudo teve como primeiro autor Pedro Oliveira, que trabalha no Instituto de Genómica de Mount Sinai, nos Estados Unidos. O investigador explicou à Lusa que foram inativadas na bactéria proteínas que estão envolvidas na modificação do ADN (material genético), procedimento que a tornou «num estado quase morta», sem reação. As proteínas chamam-se ‘metiltransferases’ de ADN (MTases). Sem elas, a ‘Clostridioides difficile’ perde «muita da sua capacidade em formar esporos», células que a tornam resistente «à maioria dos desinfetantes hospitalares e rotinas de limpeza», levando-a a adquirir «características virulentas» nem sempre combatidas com sucesso com antibióticos.
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O que a equipa científica fez foi modificar os genes que expressam as proteínas MTases. Ao deixar de produzir MTases, a bactéria ficou mais fraca, menos resistente e menos capaz de se propagar. Para Pedro Oliveira, «o mais interessante» é que as proteínas MTases «são quase universais em bactérias», isto é, podem ser detetadas não só na ‘Clostridioides difficile’, mas também noutras bactérias causadoras de infeções, como a ‘E.coli’ e a ‘salmonella’, o que significa, a seu ver, que um tratamento alternativo aos antibióticos para a ‘Clostridioides difficile’ pode ser replicado noutras bactérias para «diminuir a virulência e a patogenicidade».
O plano B para quando falharem os antibióticos
«No atual cenário global de crescente resistência aos antibióticos, esta estratégia assume-se definitivamente como um plano B promissor para combater infeções de origem bacteriana», sustenta o investigador. Numa próxima etapa, os cientistas propõem-se desenvolver e testar medicamentos que consigam inibir as proteínas MTases. No estudo, o grupo de investigação sequenciou o ADN de várias estirpes da bactéria ‘Clostridioides difficile’, isolada de 36 doentes, usando uma técnica de sequenciação que permite visualizar como os genes funcionam.
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