Clube das Mulheres Escritoras debate poder da palavra no Dia Internacional da Mulher
O Clube das Mulheres Escritoras reúne hoje, na Fundação José Saramago, em Lisboa, autoras como Alice Neto de Sousa, Catarina Carvalho, Catarina Sobral, Cláudia Lucas Chéu, Joana Bértholo e Lúcia Vicente, para falarem da palavra e da escrita como “forma de resistência”.

A conferência “A palavra escrita, a mulher e a paz”, que se realiza no Dia Internacional da Mulher, traduz-se num debate que se estende por cinco painéis e envolve mais de uma dezena de autoras, editoras e jornalistas, como Rosa Azevedo, Sofia Branco e a presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio.
O ponto de partida está na verificação de que “a escrita é uma ferramenta essencial para a paz”, mas também para “o seu oposto”, explorando assim “esta importância e duplicidade através de quem faz uso da palavra para resistir e divulgar situações de opressão ou injustiça” e para dar voz aos invisíveis da sociedade, para desmistificar fobias sociais e manipulações, e trabalhar a empatia, tanto na ficção como na não-ficção”.
A “discriminação endémica no mundo literário português” é também abordada, “não apenas convidando vozes femininas” que nem sempre tiveram “o espaço desejável, mas abrindo a conferência com uma reflexão sobre o papel particular da mulher na construção da paz”.
Este é o tema da primeira sessão, que reúne Lúcia Vicente, Rosa Azevedo e Teresa Núncio, num alerta para as “consequências duradouras das decisões sobre violência e guerra” de que as mulheres acabam por ser alvo.
A segunda sessão, “Escrita, uma forma de resistência e ativismo”, conta com Cláudia Lucas Chéu, Joana Bértholo e Pilar del Río, seguindo-se “A palavra escrita e a visibilidade do invisível”, com Catarina Carvalho, Gisela Casimiro e Marta Vidal.
Os jornalistas Bruno Amaral de Carvalho e Sofia Branco e a escritora Filipa Fonseca Silva alertam para as “narrativas que, mesmo mascaradas do seu contrário, promovem a violência”, ao mesmo tempo que se silenciam os argumentos que essa violência contestam.
A literatura infantil será protagonista da quinta e última sessão, que tem por lema “a formação de uma cultura de paz”, com Alice Neto de Sousa, Catarina Sobral e Joana Simões Piedade.
Cada sessão ou painel de debate toma por referência uma citação de José Saramago, porque “a palavra tem de ser entendida como um instrumento de luta”, permite “mostrar o que está escondido”, “perguntar, pôr em dúvida, […} não aceitar como certo aquilo que nos querem impor como tal”, e porque “é nas mulheres que está o maior potencial de transformação da sociedade”, segundo o Nobel português da literatura.
A conferência encerra com a apresentação do segundo número da revista anual do Clube das Mulheres Escritoras, com as artistas Gabriela Relvas, Mafalda Santos e Mara.
MAG // RBF
By Impala News / Lusa
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