Comissão Europeia quer baixar estatuto de proteção do lobo na Convenção de Berna

A Comissão Europeia propôs hoje baixar o estatuto do lobo de espécie estritamente protegida para espécie protegida na Convenção de Berna sobre conservação de vida selvagem, uma decisão já contestada por ambientalistas.

Comissão Europeia quer baixar estatuto de proteção do lobo na Convenção de Berna

A alteração do estatuto de proteção do lobo ao abrigo da Convenção de Berna – relativa à Proteção da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais na Europa — sujeita ao acordo dos Estados-membros da União Europeia (UE)e das outras partes nessa Convenção, “é uma condição prévia para qualquer alteração semelhante do seu estatuto a nível da UE”, salienta o comunicado da Comissão.

O primeiro passo tinha já sido dado, em setembro, com Bruxelas a alertar que a “concentração de alcateias de lobos em algumas regiões europeias se tornou um perigo real para o gado e, potencialmente, também para os seres humanos”.

Seguiu-se um convite a todas as partes interessadas, incluindo cientistas, para apresentarem dados atualizados sobre a população de lobos na União Europeia, incluindo o ibérico, e os seus impactos.

Com base nos dados recolhidos, a Comissão decidiu hoje propor aos Estados-membros baixar o estatuto de proteção do lobo na UE na Convenção de Berna.

A organização ambientalista WWF já reagiu, em comunicado, apelando aos 27 que rejeitem esta proposta, salientando ser a primeira vez que um presidente da Comissão Europeia propõe, num fórum internacional, a redução do nível de proteção de uma espécie protegida.

A WWF sustenta ainda que Bruxelas não tem dados científicos que sustentem a proposta e lembra que a referida convenção é a mais antiga do mundo na área da conservação da natureza, vigorando desde 1979.

O executivo comunitário assegura que a medida não afeta as compensações previstas aos agricultores, no caso de ataques de alcateias ao gado, previstas nos planos estratégicos nacionais da Política Agrícola Comum em 15 Estados-membros, nomeadamente em Portugal.

Numa análise também hoje publicada, Bruxelas defende que as populações de lobos aumentaram nos últimos vinte anos, havendo alcateias reprodutoras em 23 Estados-Membros da UE.

Em Portugal, haverá 50 a 60 alcateias de lobo ibérico, numa população total de 300 lobos, que apresentam uma tendência estável de conservação, mantendo-se categorizado como “espécie em perigo”, segundo dados de 2023 do Instituto de Conservação da Natureza.

IG // FPA

By Impala News / Lusa

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