Covid-19: Alto do Pina defende entreajuda para “sobrevivência” da cultura popular de Lisboa
Com o mais recente primeiro lugar das Marchas Populares de Lisboa, alcançado em 2019, a coletividade Ginásio do Alto do Pina compreende o cancelamento das festas e defende a entreajuda entre os bairros para garantir a “sobrevivência desta cultura popular”.
Alto do Pina defende entreajuda para “sobrevivência” da cultura popular de Lisboa. “O panorama ainda não é favorável a que haja grandes ajuntamentos. Também achamos que, com algum tempo [de preparação], poderia haver outro tipo de organização, contudo, compreendemos que esta pandemia não é favorável a que se façam festejos”, indicou Pedro Jesus, representante do Ginásio do Alto do Pina, coletividade que organiza a marcha do 2bairro e que este ano celebra 110 anos.
“Sardinhada aberta a alguns sócios e marchantes” no Alto do Pina
Pedro Jesus disse que, no seguimento do cancelamento das Festas de Lisboa, o Ginásio do Alto do Pina “não vai organizar nada em especial”, mas conta assinalar o Santo António no dia 12 de junho, sábado, com “uma sardinhada aberta a alguns sócios e alguns marchantes e comissão de marcha”, com cerca de 25 pessoas. “Sempre dentro das condições impostas pela DGS [Direção-Geral da Saúde] e com bastante recato”, afirmou o representante, assegurando que o evento “não será um arraial, nem um retiro popular”.
Sobre o apoio da Câmara Municipal de Lisboa de 15 mil euros para cada marcha, Pedro Jesus disse que a verba “será utilizada para colmatar despesas da própria coletividade”. “Estivemos um ano praticamente encerrados, mas com despesas correntes, que são precisas colmatar, e a coletividade não gerou receita, portanto entendemos que este apoio é um apoio para a própria sobrevivência das coletividades de cultura popular de Lisboa”, declarou. A Câmara de Lisboa prevê também atribuir 2.000 euros a cada entidade promotora dos arraiais populares que habitualmente eram licenciados, na sequência da decisão de proibir este ano estas atividades, devido à pandemia de covid-19, mas o representante explicou que este apoio é dado às coletividades que se associam também ao concurso de arraiais organizados pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC). “Desde 2013 que o Ginásio do Alto do Pina não concorre, portanto não está abrangido”, apontou.
Após dois anos sem a realização das marchas, o Alto do Pina não vai aproveitar o trabalho que tinha desenvolvido em 2020, por considerar que “os temas são feitos consoante o sentimento vivido em cada ano”. “Uma vez que este panorama deste último ano e meio [de pandemia] alterou um pouco esse sentimento, vamos alterar o nosso tema que estava previsto para a edição do ano anterior”, revelou Pedro Jesus.
“Deve haver entreajuda entre os bairros”
Em relação à próxima edição das Marchas Populares de Lisboa, o representante defendeu que “deve haver uma entreajuda entre todos os bairros populares, porque aquilo que se passou desde o início da pandemia não tem sido em nada positivo para a sobrevivência desta cultura popular dos bairros tradicionais de Lisboa”. “Contudo, uma vez que estamos em concurso, o Alto do Pina sente-se mais do que motivado para voltar, novamente, a vencer a edição das Marchas Populares e também a honrar estes pergaminhos da história de Lisboa”, sublinhou. Apoiando o cancelamento das festas devido ao contexto pandémico, sem esquecer “a perda de muitos familiares e amigos”, Pedro Jesus manifestou esperança de que no próximo ano, em 2022, se possa voltar a realizar as Festas de Lisboa.
Em 2019, na 87.ª edição das Marchas Populares da capital, Alto do Pina venceu o concurso, destacando-se na categoria de coreografia, desfile na Avenida da Liberdade, figurinos, letra e melhor composição original, com “Alto lá com o Alto do Pina”. À semelhança do que aconteceu em 2020, a pandemia da covid-19 motivou a decisão do município de cancelar este ano das Festas de Lisboa, inclusive o concurso das Marchas Populares, os Casamentos de Santo António e os arraiais populares.
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