Covid-19: BioNTech diz que vacinas serão usadas contra o cancro
As vacinas contra a covid-19 são seguras e a tecnologia será brevemente aplicada na luta contra o cancro, diz a cofundadora do laboratório que desenvolveu o primeiro imunizante no combate ao coronavírus.
Ozlem Tureci, fundadora da farmacêutica BioNTech na Alemanha, disse que a tecnologia de mRNA (RNA mensageiro) utilizada nas vacinas estava a ser investigada há duas décadas, para ajudar o sistema imunitário a combater tumores.
Até que os dois cientistas ouviram falar de um vírus desconhecido a infetar pessoas na China e o casal decidiu, durante o pequeno-almoço, aplicar essa tecnologia no combate à nova ameaça.
Nasceu assim o “Project Lightspeed” e 11 meses depois o Reino Unido tornava-se no primeiro país a aprovar a vacina de mRNA desenvolvida pela BioNTech, em pareceria com a gigante norte-americana Pfizer.
Uma semana após o Reino Unido, também os Estados Unidos aprovaram a vacina e dezenas de milhões de pessoas já foram inoculadas em todo o mundo.
“Vale a pena tomar decisões arriscadas e confiar que se tens uma equipa extraordinária consegues resolver qualquer problema ou obstáculo que se atravesse no teu caminho em tempo real”, afirmou Ozlem Tureci em entrevista à agência Associated Press.
Empresa tem apenas 60 funcionários
Mas a pequena empresa sediada em Mainz, que ainda não tinha qualquer produto no mercado, tinha desafios enormes pela frente, tais como testar cientificamente a vacina em larga escala e conseguir produzir um volume suficiente para ir de encontro à procura a nível mundial.
Além da Pfizer, a empresa contou com a ajuda da chinesa Fosun Pharma para “conseguir os meios, capacidade e alcance geográfico que não tinha”, explicou Tureci.
Filha de imigrantes turcos na Alemanha, Tureci frisou que a empresa, que tem funcionários de 60 países, procurou sempre organismos de supervisão médica desde o início para assegurar que o novo tipo de vacina passaria no rigoroso escrutínio dos reguladores.
“O processo de aprovação de um medicamento ou vacina é onde muitas perguntas são feitas, muitos especialistas são envolvidos e acontece a revisão da restante comunidade a todos os dados e discurso científico”, disse ainda.
E face à suspensão da vacina da concorrente anglo-sueca AstraZeneca em vários países da Europa, Tureci descartou a ideia de que foram saltadas etapas por todos os que estiveram envolvidos na corrida à criação da vacina.
“Existe um processo muito rígido e que não termina após a vacina ser aprovada. Continua, na verdade, a decorrer em todo o mundo, onde os reguladores usam sistemas de reporte para monitorizar e avaliar quaisquer observações feitas à nossa ou a outras vacinas”, frisou.
Próximo objetivo é desenvolver vacina contra o cancro
Por outro lado, a valorização da empresa durante a pandemia proporcionou-lhe fundos que pode agora usar para prosseguir o seu objetivo inicial de desenvolver uma nova ferramenta de luta contra o cancro.
As vacinas da BioNTech-Pfizer, tal como as da norte-americana Moderna, usam a tecnologia mRNA, em que um fragmento do código genético do vírus transporta instruções para o organismo humano conseguir desenvolver anticorpos específicos.
O mesmo princípio poderá ser utilizado para ajudar o sistema imunológico a combater os tumores. “Temos várias vacinas diferentes contra o cancro com base na tecnologia mRNA”, disse Tureci.
Quando questionada sobre quando poderá esse tipo de tratamento estar disponível, Tureci frisou que “é muito difícil prever o desenvolvimento de uma inovação“, mas mostrou-se esperançada em que “dentro de alguns anos possamos ter vacinas contra o cancro” para oferecer às pessoas.
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