Covid-19: Cidadãos e testagem massiva são chave para desconfinar
O infecciologista José Poças defende que o assumir de responsabilidade dos cidadãos e a testagem massiva das pessoas são a chave para conseguir desconfinar controlando a pandemia.
O diretor do serviço de Infecciologia do Centro Hospitalar de Setúbal, uma das regiões da periferia de Lisboa mais afetadas, em janeiro, pela terceira onda da pandemia de covid-19, disse que o sucesso está no equilíbrio da conjugação entre economia e saúde.
“A chave da conjugação entre a economia e a saúde é necessária (…), pois dentro de 15 dias nós podemos estar a exagerar nas medidas, para dizer muito sinceramente”, defendeu o médico, especialista em Medicina Interna, Doenças Infecciosas e Medicina do Viajante.
Como é que se vai desconfinar sem correr o risco de ter outra onda idêntica àquela que em janeiro entupiu os hospitais? “Só vejo uma maneira, com duas vertentes: Em primeiro lugar, o cidadão tem que assumir a responsabilidade do seu comportamento, isso é determinante, porque foi demasiado elogiado. (…) Em segundo, a testagem”.
“Nós precisamos dos testes [rápidos], (…) mesmo sabendo que são menos eficazes. Alguns países já optaram por essa estratégia, pois os testes com base na saliva, que o próprio doente pode fazer, podem ser feitos à entrada das escolas, por exemplo, uma vez por semana, todos os dias, nos hospitais ou à entrada do cinema”, exemplificou.
Massificação da testagem é fundamental
Para José Poças, o ideal é a massificação da testagem, “desejavelmente com testes com uma performance obviamente suficientemente robusta”.
“Eu acredito que vamos lá chegar, e no dia em que lá chegarmos (…) todo o dinheiro que se gasta nesses testes vai ser revertido no não fechamento da economia”, defendeu.
O responsável cita um editorialista da revista Nature para defender que devia haver dois boletins diários o do tempo e o da emergência dos microrganismos potencialmente muito perigosos.
“Isso vai passar a ser monitorizado e aquilo que eu proponho é: era muito mais barato todo mundo pagar para que um país onde isso [emergência sanitária] acontecesse pudesse fechar completamente até não haver exportação daquele microrganismo”, sugeriu José Poças, acrescentando: “O que se passou agora foi que as pessoas ignoraram”.
“Se a gente não pode fechar o mundo”, sublinhou, “temos de o manter aberto, mas podemos assumir que é que pagar, pois isso tem custos enormes, mas teria sido milhões de vezes mais barato, milhões de vezes mais eficaz. E isto deveria valer para o mundo inteiro, fosse onde fosse”, afirmou.
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