Com um peso equivalente ao de uma criança devido à artrite reumatoide infantil, Jorge Dias, de 46 anos, que faz hemodiálise desde os 33, ainda não foi convocado para receber a vacina contra a covid-19. Nem sabe se será.

Um dos médicos que o acompanham não aconselha a toma por pesar 19 quilos. Na Clínica de Hemodiálise do Porto (CHP), onde é seguido, todos os pacientes já receberam a vacinação completa.

“Administraram as duas doses a todos menos a mim”, conta, revelando que a justificação que lhe deram foi a de que tinha peso de criança “e a vacina é para adultos“.

Uma explicação que Jorge tem dificuldade em compreender, garantindo que sempre tomou vacinas, mesmo as indicadas para adultos e que a questão nunca se colocou. “Perguntei à minha médica de família e ela aconselhou-me a tomar”, afirma.

«Posição contrária não tem evidência científica», alerta médico

De acordo Gerardo Oliveira, diretor clínico do CHP, a resposta de uma pessoa à vacina depende “de vários fatores“. Um deles, esclarece, “é o número de células imunocompetentes de cada um, número que se correlaciona com o peso”.

Ora, Jorge terá “um quarto do número habitual de um adulto normal”. Além disso, acrescenta o profissional, o doente “toma medicação imunossupressora e as suas hipóteses de responder à vacina da Pfizer ou qualquer outra estão bastante diminuídas”. Além disso, alerta que poderá “desenvolver respostas muito inesperadas“.

O médico garante ainda não compreender quem tem opinião contrária já que carece de “evidência científica“. Inconformado com esta posição, Jorge Dias tentou reunir a opinião de outros médicos em relação ao assunto.

“Todos aconselham a tomar a vacina e dizem que o risco é muito maior se não tomar”, assegura. O doente questionou ainda a Administração Regional de Saúde do Norte que disse “não poder ajudar”.

Jorge Dias tem uma certeza: quer ser vacinado. “Claro que, tem de ser num sítio onde possa ser prontamente socorrido [em caso de reação adversa]”, explica ao JN.

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