Índia aprova uso de emergência de vacina russa Sputnik V
A Índia aprovou a utilização de emergência da vacina russa Sputnik V contra a covid-19, anunciou hoje um fabricante local de medicamentos, numa altura em que começam a escassear vacinas no país, que atravessa uma segunda vaga.
Em comunicado, o diretor-geral da empresa farmacêutica indiana Dr Reddy’s Laboratories, responsável pelos ensaios clínicos no país, saudou a “autorização de utilização de emergência da [vacina] Sputnik V na Índia”.
A Sputnik V é a terceira vacina a obter a aprovação das autoridades indianas, depois da Covashield, versão da vacina da AstraZeneca produzida localmente, e da Covaxin, uma vacina desenvolvida pela empresa indiana de biotecnologia Bharat Biotech.
Pelo menos 852 milhões de doses da vacina russa deverão ser produzidas na Índia, o maior centro de produção mundial do fármaco da Rússia, anunciou em comunicado o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês), que financiou parcialmente o desenvolvimento de vacinas e tem estado a negociar acordos de produção com empresas indianas.
De acordo com o RDIF, a vacina russa já foi autorizada em 60 países, totalizando uma população de três mil milhões de pessoas.
“A vacina foi registada na Índia ao abrigo do procedimento de autorização de utilização de emergência, baseado em resultados de ensaios clínicos na Rússia, bem como em dados positivos de ensaios clínicos locais adicionais de Fase III na Índia, realizados em parceria com [a empresa farmacêutica] Dr Reddy’s Laboratories”, indicou o diretor-geral do RDIF, Kirill Dmitriev, na nota.
O anúncio surge numa altura em que alguns estados indianos estão preocupados com a escassez de vacinas, apesar de o Governo central insistir que há ‘stocks’ suficientes para a campanha de vacinação.
Alguns centros de vacinação no estado de Maharashtra, onde fica sediado o Serum Institute of India (STI), o maior produtor mundial de vacinas, tiveram de recusar pessoas, devido à falta de doses, enquanto meia dúzia de outros estados indianos expressaram preocupação com os fármacos disponíveis, segundo a agência noticiosa Associated Press (AP).
O ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan, desvalorizou as preocupações, considerando-as “tentativas deploráveis de alguns governos estaduais para desviar as atenções dos seus próprios fracassos”.
A Índia atravessa uma segunda vaga da pandemia, tendo ultrapassado na segunda-feira o Brasil no total de infeções e tornando-se no segundo país com mais contágios (mais de 13,6 milhões), a seguir aos Estados Unidos.
Só nas últimas 24 horas, o país diagnosticou 161.736 casos de covid-19, um dia depois de registar um novo máximo de 168 mil infeções.
O número de casos tem vindo a aumentar desde fevereiro, ultrapassando desde há vários dias o pico da primeira vaga, registado em 17 de setembro de 2020, quando foram diagnosticados 97.894 casos num só dia.
Várias cidades impuseram restrições e recolher obrigatório para tentar travar a propagação do vírus, depois de o Governo indiano ter permitido grandes ajuntamentos em festivais religiosos, como o Kumbh Mela, com banhos rituais no rio Ganges.
Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia começou a campanha de vacinação em 16 de janeiro, tendo até agora vacinado mais de 108 milhões de pessoas (108.533.085), de acordo com os números atualizados diariamente pelo Ministério da Saúde indiano.
Com 171.058 mortes, a Índia é o quarto país do mundo com mais óbitos, a seguir aos Estados Unidos, Brasil e México, de acordo com a contagem independente da Universidade Johns Hopkins (EUA).
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.937.355 mortos no mundo, resultantes de mais de 135,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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