Covid-19: Infeção fúngica mortal encontrada em doentes recuperados
A mucormicose decorre dos tratamentos a que os pacientes hospitalizados em cuidados intensivos são sujeitos e pode causar desfigurações faciais.
A Índia está a enfrentar uma nova vaga da pandemia da covid-19 que tem provocado, em média, 400 mil infeções ao longo do presente mês de maio. Para além disso, registam-se também consecutivamente mais de 3 mil mortes diárias. Não obstante, a catástrofe pode ter ganho novos contornos.
Na manhã do passado sábado, 8 de maio, um cirurgião ocular de Mumbai, Akshay Nair, estava a aguardar para operar uma mulher de 25 anos – recuperada da covid-19 há cerca de três semanas atrás – . Dentro do consultório, um otorrinolaringologista já trabalhava na paciente. Inseriu um tubo no nariz e começou a remover tecidos infetados com mucormicose, uma infeção fúngica rara, mas extremamente perigosa.
Após o colega terminar a intervenção cirúrgica, Nair realizou um procedimento de três horas para remover o olho da paciente. “Vou remover o olho para salvar a vida dela. É assim que esta doença funciona”, disse à BBC.
Os médicos estão agora a relatar uma série de casos de uma infeção rara – também chamada de “fungo negro” – entre pacientes com covid-19 em recuperação e recuperados. A mucormicose é causada pela exposição a mofo que é encontrado no solo, plantas, estrume e ainda em frutas e vegetais em decomposição. “É omnipresente e encontrado no solo e no ar, até mesmo no nariz e no muco de pessoas saudáveis”, diz o médico.
Taxa de mortalidade ronda os 50%
A infeção afeta principalmente as maçãs do rosto, o cérebro e os pulmões. Para além disso apresenta maior taxa de fatalidade entre os diabéticos ou em indivíduos cujo sistema imunitário esteja comprometido, como pacientes com cancro ou pessoas com HIV. O cirurgião sublinha ainda que esta infeção, que apresenta uma taxa de mortalidade de 50%, pode ser desencadeada pelo uso de esteroides, um tipo de tratamento que tem sido usado para salvar a vida de vários pacientes infetados e hospitalizados com covid-19.
Estes esteroides têm sido utilizados para reduzir a inflamação nos pulmões e os resultados têm sido positivos. Apesar disso, os efeitos secundários associados ao seu uso reduzem a imunidade e elevam os níveis de açúcar no sangue em pacientes diabéticos e não diabéticos que estejam a recuperar ou já recuperados da covid-19. Acredita-se que essa queda na imunidade possa estar a desencadear os casos de mucormicose.
A Índia é o segundo país com mais casos de covid-19, depois dos Estados Unidos, com 32,6 milhões, mas nas últimas semanas tem-se tornado o epicentro da pandemia ao registar o maior aumento de casos por dia. O número de casos ativos é de 3,7 milhões e a taxa de positividade ronda os 23%, sinal de agravamento da pandemia no país, que há um mês registava 10,3%.
No entanto, apenas 36 milhões dos 1,35 mil milhões de indianos foram totalmente inoculados com uma das vacinas aprovadas do país: Covishield da AstraZeneca, feita pelo Serum Institute of India (SII), Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, e a vacina russa Sputnik V.
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