Como tem sido o dia a dia dos pais do menino que caiu ao poço
José Roselló e Victoria María García, pais da criança que caiu no poço em Málaga, têm vivido dias de angustia e dor. A cada minuto que passa, as hipóteses de Julen estar vivo diminuem e o impacto psicológico em José e Victoria é devastador.
José e Victória têm acompanhado de perto as operações de resgate da Protecção Civil espanhola para encontrar o menino no poço. Até ao momento, apenas por breves horas saíram do local e foram até casa, em Málaga, para tomar banho e tentar ‘desligar’ por breves momentos, de tudo o que se passa em Totalán.
Os momentos de dor e sofrimento pelos quais os pais de Julen têm passado são inimagináveis e têm recebido apoio médico e psicológico por parte das autoridades que se encontram no local
Casal dorme em tenda ao lado do poço
Os pais do pequeno Julen, de dois anos, dormem todas as noite numa tenda da Protecção Civil, perto do poço, num tapete bastante precário e onde o frio que se faz sentir nesta altura do ano na Andaluzia é bastante acentuado.
Como é natural, o descanso tem sido pouco para ambos, sempre à espera de uma boa notícia proveniente das equipas de resgate. Porém, muitas também são as chamadas em número anónimo que o casal tem recebido, o que ainda coloca ainda mais stress sobre o casal.
Perda do segundo filho seria devastadora
Vicky e José perderam um filho há apenas dois anos. Oliver, de apenas três anos, morreu com um enfarte fulminante em maio de 2017, quando passeava com os pais pela praia.
A morte do filho teve um impacto enorme na vida dos pais de Julen. No mês seguinte à morte de Oliver, Victória escreveu no seu na sua página de Facebook: «Oliver, amo-te onde quer que estejas. És tudo para mim. Preciso do teu beijo, do teu abraço, da tua companhia, do teu carinho. Tudo o que digo é pouco. Quero fechar os olhos e ver o teu sorriso. Tenho tantas saudades tuas».
A dor de perder um filho
Perder um filho é das mais duras realidades para um casal. A possibilidade de perder o segundo filho torna o processo muito mais difícil de ultrapassar. «O luto de um filho é sempre uma experiência devastadora, traumática e contra-natura. O vínculo pais-filho é, na sua maioria, não apenas particularmente forte, mas também parte integrante da identidade de muitos pais», diz.
José Rocío e Victoria María García sentem-se culpados pelo sucedido e já confessaram que se sentem «mortos por dentro». Em declarações ao site da Crescer, Joana Monteiro, psicóloga clínica e psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos, afirmou que, enquanto profissional de saúde, é importante dar especial atenção ao sentimento de culpa e à responsabilização pessoal do casal. «Quando um filho morre, os pais tendem, em qualquer circunstância, a sentir-se responsáveis, a sentir que falharam», explica a especialista.
«A intensidade e a duração do processo de luto são muito variáveis, não só no mesmo indivíduo ao longo do tempo ou após diferentes perdas, mas também em pessoas diferentes, após perdas claramente similares. Esta intensidade e duração são determinadas por múltiplos fatores, tais como: a personalidade; o estilo de vinculação; a predisposição genética e vulnerabilidades prévias; a idade e o estado de saúde; a espiritualidade (crenças religiosas e espirituais); a identidade cultural e os recursos sociais.»
Existem fatores protetores, segundo a psicóloga, que podem minimizar e auxiliar o indivíduo no processo de luto, e que costumam ser referidos como fundamentais em todo o processo, como o apoio social, o apoio do cônjuge e as crenças espirituais-religiosas. «É fundamental que o enlutado vá mantendo uma procura ativa de suporte, de expressão emocional, retomando as rotinas e mantendo-se ocupado», explica.
LEIA MAIS EM: Como lidar com o sentimento de culpa de perder um filho?
Siga a Impala no Instagram