Dux ouvido sobre tragédia do Meco: “Tentei puxar a mão da Carina e fiquei mais dentro do mar”
Mais de sete anos depois da conhecida tragédia do Meco, começa o julgamento do processo cível em que as famílias dos seis jovens que morreram durante uma praxe na praia do Meco em 2013 reclamam indemnizações no valor global de 1,3 milhões de euros.
Mais de sete anos depois da conhecida tragédia do Meco, começa o julgamento do processo cível em que as famílias dos seis jovens que morreram durante uma praxe na praia do Meco em 2013 reclamam indemnizações no valor global de 1,3 milhões de euros.
Na primeira audiência de julgamento do processo contra João Gouveia e a Universidade Lusófona, o tribunal ouve João Miguel Gouveia, que os familiares dos seis jovens responsabilizam pela tragédia ocorrida em 15 de dezembro de 2013, na praia do Meco, em Sesimbra, no distrito de Setúbal.
Questionada, João Miguel Gouveia recorda o fatídico fim-de-semana. Revela que na noite que chegaram a casa em Aiana de Cima, no Meco, todos ingeriram álcool. Jantaram e terão conversado sobre o objetivo dos dias que ali iam passar.
Levámos com uma onda lateral, basicamente. E, do que me recordo, fui empurrado para a zona de rebentação. Lembro-me de não ter pé, de levarmos com mais ondas, em jeito de máquina de lavar. Quando fui levado, a primeira vez que me recordo de vir ao de cima, recordo-me de ver alguns deles. Depois, das outras vezes, não”, disse João Miguel Gouveia, citado pelos meios de comunicação presentes.
Posto isto, o juiz questiona como conseguiu João salvar-se.
“Não sei se há uma resposta para isso. Não sei se me desenvencilhei. Sei que consegui livrar me da capa que tinha ao pescoço”, afirma.
“Tentei puxar a mão da Carina e fiquei mais dentro do mar”, acrescenta.
Questionado por um dos advogados da família sobre se tinham pedras amarradas aos tornozelos durante uma atividade de praxe o Dux negou. ” Isso é totalmente mentira”. Depois a advogada lembrou que tal foi afirmado por testemunhas que já vieram entretanto negar as informações.
O que defendem as famílias
A defesa das famílias dos jovens sustenta que, “além da intervenção dos réus – o ‘dux’ João Gouveia e a COFAC — Cooperativa de Formação e Animação Cultural, CRL (Universidade Lusófona) -, estão em causa o funcionamento da organização denominada COPA [Comissão Oficial de Praxes Académicas] no seio da ULHT [Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias] e atividades praxistas levadas a cabo ao longo dos anos”.
Para a defesa, estão também em causa as atividades praxistas levadas a cabo por João Gouveia durante o fim de semana de 13 e 14 de dezembro de 2013, que culminaram com a morte dos seis jovens, bem como os “elevados danos sofridos” pelos seus pais.
Estão arroladas três dezenas de testemunhas.
O inquérito às circunstâncias da morte dos seis jovens foi arquivado em julho de 2014 e reaberto em outubro do mesmo ano, quando o ‘dux’ João Gouveia foi constituído arguido. Em março de 2015, o Tribunal de Instrução Criminal de Setúbal decidiu não enviar o processo-crime para julgamento e o Tribunal da Relação de Évora, após recurso da defesa, manteve a decisão, sublinhando que as vítimas eram adultas e não haviam sido privadas da sua liberdade durante a praxe, pelo que não havia responsabilidade criminal sobre João Gouveia.
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