Falta de combustível? Há um ano foi no Brasil e terminou com a intervenção do Exército
Tal como em Portugal, no Brasil tudo começou com uma greve. Em poucas horas, as bombas de gasolina ficaram secas e a população em pânico.
A última greve dos camionistas no Brasil, que teve início a 21 de maio de 2018, atirou o país para uma crise que só terminou nove dias depois com a intervenção das forças do Exército brasileiro, juntamente, com o apoio da Polícia Rodoviária Federal. As manifestações, que ocorreram durante o Governo de Michel Temer, surgiram da instabilidade dos reajustes constantes no preço dos combustíveis. Na altura, os protestantes, maioritariamente camionistas de profissão, bloquearam as principais vias rodoviárias de acesso aos grandes centros metropolitanos brasileiros exigindo que o Governo reduzisse para zero a carga tributária sobre o diesel . Apesar destes protestos, contra a subida dos combustíveis, serem diferentes das manifestações que estão hoje a paralisar Portugal, ambas as situações começaram com uma greve do sector dos transportes. No nosso país, a corrida às bombas de gasolina deu-se com as manifestações dos motoristas de matérias perigosas, que, para além de tratarem da movimentação dos combustíveis, transportam também químicos, radioativos, oxigénio ou materiais criogénicos.
No Brasil, os protestos rapidamente alastraram-se pelo país chegando a ter expressão em pelo menos 24 estados. Tendo em conta que manifestações bloqueavam o acesso dos transportes às principais cidades, em pouco tempo surgiram longas filas nas bombas de gasolina que, por consequência, levaram a uma subida do preço dos combustíveis, acabando por culminar na falta de gasolina e gasóleo em grande parte das gasolineiras brasileiras. Dias depois, devido ao bloqueamento das estradas por milhares de camiões, o Brasil viu-se com falta de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais. Por consequência, escolas, fábricas e estabelecimentos de saúde fecharam portas, transportes públicos deixaram de circular e milhares de voos foram cancelados.
No dia 24 de maio, cinco cidades na área do Rio Grande do Sul decretaram situação de calamidade pública e outras, entre elas São Paulo e Porto Alegre, anunciaram estado de emergência. No mesmo dia, a petrolífera Petrobras anunciou uma redução no preço dos combustíveis, o que levou a que as acções da empresa descessem 15%. Contudo, com cada vez mais pessoas a aderirem à greve, um dia depois, o Governo assegurou que as Forças Armadas brasileiras iriam desobstruir as estradas paralisadas pelos manifestantes.
No último dia da greve, 30 de maio, um camionista de 70 anos, que se encontrava perto de um ponto de confrontos entre o movimento e as Forças Armadas, morreu após ter levado com uma pedra na cabeça. Na manhã seguinte, o Brasil acordou com as vias desbloqueadas e sem camionistas nas estradas. Apenas um grupo de protestantes, no Porto de Santos, se encontrou ativo até ao dia 1 de junho. Uma semana depois, Michel Temer anunciou a redução do preço do gasóleo, tal como outras medidas que vieram responder às reivindicações dos camionistas.
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