Falta de legislação e formação limitam medicina tradicional chinesa em países lusófonos
A falta de legislação e de formação na área da medicina tradicional chinesa são obstáculos apontados por quatro países de língua portuguesa que hoje participaram em Macau na abertura do fórum de cooperação de Medicina Tradicional Chinesa.
A falta de legislação e de formação na área da medicina tradicional chinesa são obstáculos apontados por quatro países de língua portuguesa que hoje participaram em Macau na abertura do fórum de cooperação de Medicina Tradicional Chinesa.
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe realçaram a necessidade de regulamentação da prática de medicina tradicional e formação, destacando a experiência da China e de Macau, enquanto plataforma para a promoção da medicina tradicional chinesa nos países de língua portuguesa, para desenvolver a área em cada um daqueles países.
Se Angola está já na fase de criação da lei de base para a medicina tradicional, como afirmou o chefe do departamento de Medicina Tradicional do Instituto de Saúde Pública de Angola, Zinga João David, em Cabo Verde o exercício desta prática tradicional não é reconhecido pelas autoridades sanitárias, disse Enaly Claúdia Fernandes, representante do Ministério da Saúde cabo-verdiano.
Os dois responsáveis destacaram que a experiência da China e de Macau pode ter um papel importante no reconhecimento e na regulamentação da atividade. Também São Tomé e Príncipe destacou que, apesar de integrada no sistema de saúde, a medicina tradicional carece de regulamentação, indicou Brigite de Almeida, do Ministério da Saúde.
O representante do Ministério da Saúde da Guiné-Bissau, Pedro Vaz, sublinhou a vontade de “avançar na modernização da área” da medicina tradicional, onde é ainda necessário um trabalho de base na legislação reguladora da atividade.
Já em Moçambique, a medicina tradicional está integrada no sistema de saúde do país e é fundamental para “aumentar a qualidade e o acesso aos cuidados de saúde” do sistema, que garante apenas 40% dos cuidados primários à população, afirmou o diretor do Hospital Central de Maputo, Mouzinho Saíde.
Esta realidade e o reconhecimento de que a maioria da população recorre à medicina tradicional levaram o Ministério da Saúde de Moçambique a criar o Instituto de Medicina Tradicional, encarregado da legislação, pesquisa e regulação da prática desta atividade, destacou Saíde, na intervenção na sessão de abertura do fórum.
Em 2016, o Governo moçambicano assinou um memorando de entendimento com o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação Guangdong-Macau para aumentar a cooperação entre os dois países nas áreas da formação, investigação, promoção da medicina tradicional chinesa e intercâmbio de experiências.
Mais de 100 profissionais das áreas de fisioterapia e de clínica geral receberam formação em medicina tradicional chinesa através de especialistas da China e de Portugal.
Para Mouzinho Saíde, a integração da medicina tradicional chinesa no sistema de saúde moçambicano reforçou a aceitação de outras medicinas alternativas e promoveu reformas no sentido de garantir uma cobertura universal. Atualmente, os médicos convencionais encaminham cada vez mais doentes para a medicina tradicional chinesa, sobretudo em casos de doenças crónicas, dor crónica e ‘stress’.
O fórum de cooperação internacional de Medicina Tradicional foi organizado pelo governo de Macau e pela administração da China de Medicina Tradicional Chinesa, e tem a coordenação do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação Guangdong-Macau, que, além de formação, promove a cooperação na área com os países lusófonos.
A presidente do parque, Yuki Lu Hong, destacou a crescente cooperação com os países de língua portuguesa nos últimos anos, não só em termos de formação de especialistas, como no comércio de produtos de Macau e da China, com grandes resultados em Moçambique.
A responsável sublinhou o trabalho com peritos portugueses e holandeses na seleção de algumas marcas dirigidas ao mercado da União Europeia, acrescentando esperar “mais progressos” nos próximos dois anos.
“No parque estão a entrar presentes instituições de investigação, departamentos governamentais e universidades de países lusófonos para criar a plataforma de ligação”, no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, afirmou.
O Presidente chinês, Xi Jinping, lançou a iniciativa de investimentos “Uma Faixa, Uma Rota” em 2013.
Clique nas imagens e leia outras notícias em destaque
Siga a Impala no Instagram