Filme “O Lugar do Morto” exibido em Lisboa e Gaia para lembrar António-Pedro Vasconcelos
O filme “O Lugar do Morto”, um dos mais célebres de António-Pedro Vasconcelos, vai ser exibido em Lisboa e em Gaia a partir de quinta-feira, para lembrar o aniversário do cineasta português e um ano da sua morte.

Patrícia Vasconcelos, filha do realizador, explicou hoje à agência Lusa que “O Lugar do Morto” (1984) será exibido durante uma semana nos cinemas UCI no El Corte Inglês, em Lisboa, e no Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia.
“O filme vai ser exibido numa cópia que foi restaurada pelo meu pai no final da vida. Este foi o filme mais visto na época e havia uma vontade de uma geração de o voltar a ver”, disse Patrícia Vasconcelos, a propósito desta homenagem.
Nascido em Leiria em 10 de março de 1939, António-Pedro Vasconcelos foi realizador, produtor, crítico e professor; um defensor do cinema popular, quis filmar até ao fim. Morreu a 06 de março aos 84 anos, quando estava a desenvolver uma adaptação de “Lavagante”, a partir de uma obra de José Cardoso Pires, e a série televisiva “Conspiração”, sobre o 25 de Abril de 1974.
António-Pedro Vasconcelos estreou-se na ficção com “Perdido por Cem”, em 1973, que realizou e escreveu, dando início a uma longa carreira de 50 anos com múltiplos títulos populares.
Um dos seus maiores sucessos de bilheteira, à época, foi precisamente “O Lugar do Morto”, estreado nos cinemas em 1984 e que somou mais de 271.000 espectadores, como refere o jornalista Jorge Leitão Ramos no portal Memoriale — Cinema Português.
Protagonizado por Ana Zanatti e Pedro Oliveira, “O lugar do morto” é uma “crónica sentimental de Lisboa, à procura de um sinal de orientação no labirinto” e que “está longe de ser só a história de uma sedução mortífera”, escreveu Jorge Leitão Ramos aquando da estreia em 1984.
Numa homenagem prestada em 2024, a Cinemateca Portuguesa lembrou que este é “um título incontornável da filmografia portuguesa da década de oitenta, que marcou como um assinalável êxito comercial do cinema português, trabalhando os elementos do policial e do ‘thriller'”.
“É também um filme indissociável dos atores que compõem os protagonistas, Ana Zanatti no papel de uma ‘femme fatale’ e Pedro Oliveira, um jornalista por ela seduzido que testemunha acidentalmente uma morte nos meandros da qual se enreda”, refere a Cinemateca Portuguesa.
A propósito deste regresso do filme aos cinemas, o El Corte Inglês acolhe, no dia 10, uma conversa com parte do elenco, com as atrizes Lídia Franco e Natalina José e com o ator Pedro Oliveira, moderada por Jorge Leitão Ramos.
António-Pedro Vasconcelos assinou ainda, entre outros, “Aqui d’El Rei” (1992), “Jaime” (1999), premiado no Festival de Cinema de San Sebastián, em Espanha, “Call Girl” (2007), “A Bela e o Paparazzo” (2010) e “Os Gatos Não Têm Vertigens” (2014).
Vencedor de múltiplos Globos de Ouro e prémios Sophia, em Portugal, foi ainda distinguido em 2020 pela Academia Portuguesa de Cinema com um prémio de carreira.
Em 1992, foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República, Mário Soares, para quem tinha feito os tempos de antena.
“Km 224” (2022) foi o último filme de António-Pedro Vasconcelos estreado nos cinemas, numa altura em que estava a desenvolver um projeto de adaptação de “Lavagante”, uma obra inacabada do escritor José Cardoso Pires, editada a título póstumo em 2008.
Produzido por Paulo Branco, o filme está em pós-produção, tendo a realização sido entregue a Mário Barroso.
O último projeto televisivo de António-Pedro Vasconcelos, a série documental “Conspiração”, estreou-se em abril de 2024 na RTP, debruçando-se sobre “tudo o que esteve por trás da ‘Revolução dos Cravos’, contando com testemunhos de protagonistas que prepararam a revolta militar”, referiu a estação pública de televisão.
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By Impala News / Lusa
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