Futebol a andar é uma nova modalidade num país com a média de idades a aumentar

O ‘walking football’ ou, em português, futebol a andar, é uma nova modalidade desportiva que tem vindo, nos últimos anos, a ganhar cada vez mais adeptos, à medida que a idade média dos portugueses vai aumentando

Futebol a andar é uma nova modalidade num país com a média de idades a aumentar

Trata-se de uma variante do futebol tradicional que tem como objetivo incentivar a prática desportiva de pessoas com idades superiores a 50 anos, contribui também para promover a sua integração e convívio, a pensar numa vida mais ativa.

“Essencialmente para incentivar, como vice-presidente do clube, tinha que dar o primeiro passo, incentivar. E isto é mais um convívio, não é para perder peso, é para as pessoas se movimentarem, para perdermos o sedentarismo”, disse Hélder Correia, jogador de ‘walking footbal’ que também é vice-presidente do Portimonense.

A agência Lusa visitou os terrenos da escola de formação do clube algarvio onde a equipa de ‘walking football’ treina duas vezes por semana, composta por três casais e cinco atletas estrangeiros, residentes naquela cidade do distrito de Faro.

“Isto é o que se vê, estamos aqui todos felizes, é uma família, e temos internacionais [estrangeiros], temos aqui dois internacionais presentes, temos mais um que foi agora de férias, já somos uma equipa internacional, no sentido da palavra”, ilustrou.

A equipa do Portimonense que joga futebol a andar é a única equipa não competitiva do Algarve nesta modalidade, tendo 21 atletas federados inscritos, com idades entre os 53 e os 77 anos, sendo nove do sexo feminino e 12 do sexo masculino.

A modalidade começou na Europa em 2011, mas a Portugal chegou mais tarde, há cerca de quatro anos, por iniciativa da Federação Portuguesa de Futebol, disse à Lusa a coordenadora da modalidade no clube algarvio.

A equipa do Portimonense foi formada em outubro passado: “Começámos com seis, sete elementos e agora estamos com 24. Entretanto está a crescer e acreditamos que vai surgir também noutros concelhos”, contou Emanuela Couto.

Esta variante do futebol tem como objetivo combater o isolamento, o sedentarismo, a depressão, melhorar os índices de saúde e aumentar a interação social dos praticantes.

O ‘walking football’ joga-se sem corridas, saltos, rasteiras, carrinhos ou cortes, sendo uma oferta adaptada de futebol, independentemente da idade e da condição física, visando proteger quem o pratica.

“Habitualmente, são pessoas que não estão a trabalhar, que estão reformados ou não estão ativos. Também temos pessoas mais jovens com problemas de saúde que não estão ativas, mas são problemas de saúde controlados, e entretanto eles vêm aqui para fazer algum exercício e conviver”, acrescentou a responsável.

A evolução demográfica em Portugal tem levado a um aumento muito significativo do índice de envelhecimento da população que, em 2021, era de quase 180 idosos por cada 100 jovens.

A situação deve-se aos sucessos e evolução social conseguidos, que provocaram um aumento muito significativo da esperança média de vida, associado a uma redução da taxa de natalidade.

“O ano passado, inscritos só na Federação Portuguesa de Futebol já estavam 1.300 jogadores, sendo que o mais velho tinha 93 anos. Este ano vamos ver quantos serão no final do ano”, indicou.

Trata-se de uma modalidade pensada para uma população que gosta de jogar futebol, mas cujas capacidades físicas já não permitem dar respostas às exigências dinâmicas que o jogo promove.

“Tem sido, acima de tudo, muito engraçado, claro que eles têm umas personalidades muito vincadas, e são bastante competitivos, até para a minha surpresa não pensei que fossem tão competitivos. Embora isto seja com cariz lúdico, mas se calhar a maior dificuldade às vezes é meter-lhes esse travãozinho para eles se acalmarem”, graceja o treinador da equipa, João Tristão.

E prossegue: “Eles querem fazer tudo e mais alguma coisa. Estão habituados a ver na televisão e depois querem replicar aqui algumas daquelas coisas que costumam ver”.

O ‘walking football’ é uma versão do jogo de futebol em que não é permitido correr. O jogo é disputado num campo de 40 por 20 metros (Futsal), entre duas equipas de cinco jogadores cada, em que não existe guarda-redes.

“Têm que ter, pelo menos, sempre um dos pés em contacto com o solo, e essa tem sido a grande dificuldade que eles têm encontrado aqui em jogar. Mais do que a questão técnica, que alguns conseguem passar melhor, mas a grande dificuldade que eles todos têm tido mesmo é essa questão do andar, do andar sempre, e isso depois cria aqui algumas azias entre eles, quando sofrem golos. E mais, dizem sempre que o colega está a correr, e essa tem sido mesmo a maior dificuldade” referiu João Tristão.

As balizas têm três metros de largura por um de altura, a bola de jogo é de tamanho quatro e deve ter ressalto reduzido (bola de Futsal) e os jogadores não podem dar mais do que três toques consecutivos na bola.

Outras regras estipulam que a bola não pode subir mais do que a altura da cintura, cerca de um metro, e os golos apenas são válidos quando obtidos dentro da área de penálti.

FPB // MAD

By Impala News / Lusa

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