Grada Kilomba apresenta nova obra “Opera to a Black Venus” em mostra na Alemanha
A artista portuguesa Grada Kilomba vai apresentar, numa exposição a ser inaugurada na sexta-feira na Alemanha, uma nova obra, “Opera to a Black Venus”, comissariada pelo Staatliche Kunsthalle Baden-Baden e pelo museu espanhol Rainha Sofia.
De acordo com informação disponível no ‘site’ oficial do Staatliche Kunsthalle Baden-Baden, um espaço expositivo em Baden-Baden, no “coração da mostra” estão duas obras que serão apresentadas ao público pela primeira vez: a instalação vídeo em larga escala “Opera to a Black Venus” e a instalação ‘site specific’ “Labyrinth”.
“Opera to a Black Venus”, que dá nome à primeira exposição institucional individual de Grada Kilomba na Alemanha, será apresentada ainda este ano no Museu Nacional Rainha Sofia, em Madrid.
Na obra, Grada Kilomba “encena uma ópera contemporânea dedicada a uma Vénus negra, que vive no fundo do mar e se torna oráculo de histórias sobre memória e resiliência”.
“Num cenário futurista, uma paisagem desoladora revela a arqueologia da existência humana”, lê-se no texto de apresentação da mostra, na qual é revelado que Grada Kilomba criou um ensemble único – com sopranos, contraltos e tenores, bem como percussionistas e bailarinos — para realizar a obra.
A artista usa um barco “como metáfora para a política de violência e recorre à sua subversiva e poética linguagem visual para perguntar: ‘O que nos diria o fundo do oceano amanhã, se fosse esvaziado hoje?'”.
Esta obra é a última parte de uma trilogia iniciada com a instalação performativa “O Barco”, estreada em 2021 na BoCA – Bienal de Arte Contemporânea, em Lisboa.
A segunda parte, “18 Verses of a boat”, foi apresentada pela primeira vez em 2022, no Castello di Rivoli Museo d’Arte Contemporanea, em Turim, Itália.
Na exposição na Alemanha, Grada Kilomba apresenta também pela primeira vez “Labyrinth”, instalação a larga escala de tecido, formando retângulos, na qual “cria caminhos e formas” na sala que acolhe a mostra.
“A instalação mostra a possibilidade e impossibilidade de rotas diferentes, evocando o comércio transatlântico de escravos e a luta constante por liberdade global, espaço e movimento”, lê-se no texto, no qual é referido que o uso de tecido em algodão “reafirma o recurso da artista a materiais naturais e efémeros, como terra, pedra e madeira, reinscrevendo a materialidade da história e do mar como um arquivo de política violenta”.
A exposição no Staatliche Kunsthalle Baden-Baden inclui também trabalhos anteriores de Grada Kilomba, como “Table of Goods” (2017), “Illusions Vol. II, Oedipus” (2018), “Illusions Vol. II, Antigone” (2019), “18 Verses” (2022) e “Sounds of Water” (2023), que serão apresentados “em diálogo com novos trabalhos, criando uma continuidade na política narrativa”.
Grada Kilomba, que vive em Berlim, na Alemanha, é uma artista interdisciplinar, escritora e investigadora doutorada em Filosofia pela Universidade Livre de Berlim, e que tem vindo a lecionar em diversas universidades internacionais, como a Universidade de Artes de Viena, na Áustria.
Com raízes em São Tomé e Príncipe e Angola, a artista tem trabalhado as questões do racismo, do trauma colonial, das vozes silenciadas e de género.
As obras de Grada Kilomba levantam ainda questões sobre o conhecimento, o poder e a violência cíclica, tendo sido exibidas em eventos como a 10.ª Bienal de Berlim, a Documenta 14 de Kassel, a Bienal de Lubumbashi VI, e a 32.ª Bienal de São Paulo, assim como em vários museus e teatros internacionais.
JRS // TDI
By Impala News / Lusa
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