Grávidas podiam ser observadas nas urgências gerais para evitar partos em ambulâncias

A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (ANTEPH) alertou hoje que grávidas estão a ser encaminhadas para urgências obstétricas a muitos quilómetros, quando podiam ser observadas numa urgência geral mais próxima, evitando partos em ambulâncias.

Grávidas podiam ser observadas nas urgências gerais para evitar partos em ambulâncias

“É preferível que um bebé nasça numa urgência geral do que numa ambulância a meio da estrada”, salientou o presidente da ANTEPH, em declarações à agência Lusa.

Luis Canaria referiu que, quando se registam encerramentos de serviços de urgência, uma grávida é encaminhada para a urgência obstétrica mais próxima que esteja aberta, sendo “decidido que esta grávida não vai a uma urgência geral ser vista por uma equipa médica”.

“Mais vale os partos terem um médico de urgência ou não terem nenhum? É a diferença de nascer numa ambulância sem apoio médico, quando a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) não está disponível”, alertou o dirigente associativo.

O presidente da associação realçou que “ainda ninguém decidiu que essa grávida deveria ir a uma urgência geral, que pode estar a cinco ou 10 minutos, e não ter de fazer 50 ou 100 quilómetros” até uma urgência obstétrica.

Segundo Luis Canaria, esta solução permitiria que a grávida fosse observada com maior rapidez por uma equipa médica, no sentido de decidir se a utente está em condições de ser transportada para uma urgência especializada.

“O que está a ser feito é uma decisão telefónica à distância, que, como a urgência obstétrica está fechada, diz que [a grávida] tem de ir para outra que fica a 50, 70 ou 80 quilómetros”, referiu o presidente da ANTEHP, ao salientar que o número de partos em ambulâncias “tem estado a disparar”.

Além disso, quando efetuam uma chamada telefónica e transmitem os seus dados para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), as “próprias pessoas podem não ter o conhecimento da gravidade da situação”, alertou Luís Canaria.

Adiantou ainda que, quando se verifica um parto numa ambulância, tem de ser acionado para o local uma VMER ou uma ambulância de suporte imediato de vida (SIV), “deslocando ainda mais meios nessa situação”.

“Numa urgência normal as coisas aconteceriam com outro tipo de condições”, defendeu o presidente da associação, ao alertar também para o facto de os meios de socorro em alguns concelhos ficarem desguarnecidos quando as ambulâncias têm de transportar uma grávida a “mais de 100 quilómetros”.

“É preciso não desguarnecer os dispositivos de socorro com estes transportes de grávidas para uma maternidade mais longe”, afirmou Luís Canaria.

Na quarta-feira, a ministra da Saúde manifestou-se preocupada com o “número de bebés nascidos em ambulâncias”, uma situação que disse que, no próximo verão, “não deve acontecer”.

Ana Paula Martins admitiu ainda que “haverá sempre bebés a nascer em ambulâncias”, mas serão “apenas em casos excecionais”.

PC // CMP

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS