Guy Ritchie leva “Senhores do Crime” do cinema para o Netflix com Theo James
A nova série “The Gentlemen: Senhores do Crime”, que se estreia a 07 de março no Netflix, explora o sistema de classes e o submundo britânico numa produção em que Guy Ritchie leva para o pequeno ecrã um universo que criou para o cinema.
O realizador monta, para lá dos crimes, um retrato dos aspetos em que a sociedade britânica continua a preservar as diferenças de classe.
“O Guy é obcecado pela riqueza e pelo polo oposto do espetro”, disse o protagonista Theo James, numa exibição antecipada do primeiro episódio em Los Angeles. O seu personagem, Eddie Horniman, é o herdeiro de uma propriedade colossal que traz consigo o título de Duque de Halstead.
As filmagens foram feitas numa propriedade real e muito antiga, tal como a da história ficcional. O ator contou que foi confrontado com a questão da classe numa ocasião em que tentou ir buscar as suas coisas à mala do carro e Ritchie lhe disse para não o fazer.
“Há um entendimento nestes círculos. Seria um insulto para o mordomo”, referiu o ator. A série, diz, pretende fazer uma desconstrução da sociedade britânica, onde há famílias — tal como na história — que passaram dinheiro e propriedades de geração em geração durante os últimos 600 anos.
“É algo que nós, plebeus, não compreendemos”, referiu James. “É incrível que ainda exista. O sistema de classes na Grã-Bretanha ainda é muito real”.
O choque entre classes é também simbolizado pelo personagem de Giancarlo Esposito, uma voz americana numa série britânica que oferece uma visão externa do sistema.
“The Gentlemen: Senhores do Crime” pega nos temas do filme com o mesmo nome que Guy Ritchie realizou em 2019 e contou com Matthew McConaughey, Colin Farrell e Hugh Grant, entre outros nomes grandes do cinema.
“Foi fascinante porque já tínhamos trabalhado com o Guy antes, e ele é uma chávena de chá deliciosa e muito específica”, gracejou Theo James.
Para Kaya Scodelario, que interpreta Susie Glass, a sua personagem marca um ponto de viragem na carreira do realizador.
“Fiquei muito entusiasmada por quebrar o molde do universo de Guy Ritchie e não ser apenas a namorada”, disse a atriz. “Eu queria ser uma mulher neste universo que já está estabelecida”, afirmou, explicando que Glass “está no controlo” e a sua narrativa parte de uma posição de poder.
“Como mulheres, somos condicionadas a sentir que devemos estar gratas só por estarmos ali, enquanto os homens se comportam como se lá pertencessem”, frisou Scodelario. “Ela pertence”.
Oscilando entre o drama e comédia negra, a trama de “Senhores do Crime” é complicada no final do primeiro episódio com um desempenho memorável de Daniel Ings, ator que interpreta Freddy Horniman, o irmão mais velho de Eddie.
“O Guy apontou que, no fundo, temos de acreditar que Eddie quer proteger o seu irmão. É importante encontrar essa humanidade”, disse Daniel Ings.
“A máfia é chamada de família”, apontou o ator. “É poder e dinheiro que passa de uns para os outros”, continuou. “Não é algo que se possa conseguir de forma democrática”.
Theo James descreveu o tom da série como engraçado mas deprimente e humano, com alguma inspiração num clássico do cinema americano.
“Nunca sonharíamos imitá-lo porque é um dos melhores filmes de todos os tempos, mas parte disto é algo do tipo ‘O Padrinho’, a questão do legado”, disse o ator. “É a ideia de um homem que é bom, de alguma forma, e que vai moralmente perdendo a sua alma”.
“The Gentlemen: Senhores do Crime” tem oito episódios e estreia no Netflix na quinta-feira, 07 de março.
ARYG // MAG
By Impala News / Lusa
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