Hospital no norte de Gaza sitiado desde quarta-feira
O hospital Al Awda de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, que está sob intensa campanha do exército israelita há 100 dias, está sitiado desde quarta-feira, com vários ataques às suas instalações, denunciou hoje o seu diretor.
“O hospital está sitiado há cinco dias”, disse à agência de notícias espanhola EFE o diretor interino do Al Awda, Mohammed Salha, que revelou que o mais recente ataque ocorreu esta manhã.
“Não podemos sair. Há um tanque ao lado do hospital, estão a bombardear e a disparar muito”, acrescentou.
O centro foi declarado fora de serviço pelo governo da Faixa de Gaza a 24 de dezembro, juntamente com os hospitais Kamal Adwan e Indonésio, também no norte.
No entanto, o Al Awda continua a albergar mais de 30 pacientes que estão a receber tratamento, embora ninguém mais esteja autorizado a entrar ou sair do hospital.
De acordo com Salha, mais de 100 pessoas permanecem no centro, incluindo 63 membros da equipa médica, 33 doentes, sete crianças e os acompanhantes dos doentes.
As crianças incluem um bebé de 2 semanas, dois bebés de 3 meses e um bebé de 1 ano, assim como uma criança de 2 anos, uma de 7 e uma de 12 anos.
“Disparam contra os nossos serviços e as balas entram nos quartos”, declarou o diretor interino do centro, que transferiu para os corredores todos os que se encontravam abrigados no interior do hospital.
Segundo o responsável hospitalar, a situação no exterior continua a ser “muito perigosa”.
O hospital enfrenta uma situação semelhante à do hospital Kamal Adwan, o principal hospital do norte do enclave, que foi invadido e incendiado pelas tropas israelitas, em 27 de dezembro. O seu diretor, Husam Abu Safiya, foi detido no dia seguinte pelo exército israelita, que o acusa de ser militante do movimento islamita palestiniano Hamas.
As cidades de Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun, no norte de Gaza, estão sob forte cerco militar desde 05 de outubro, que começou nesse dia com uma campanha de bombardeamentos, e a que se juntou, no dia seguinte, uma invasão terrestre pelas tropas israelitas.
“As tropas da brigada [Nahal] do exército estão empenhadas em combates corpo a corpo, efetuando buscas e desmantelando infraestruturas terroristas”, declarou hoje o exército israelita, num comunicado sobre as suas operações em Beit Hanoun.
Durante os seus exercícios, os soldados afirmaram ter encontrado explosivos, lançadores de mísseis e munições.
Quatro soldados israelitas foram mortos no sábado em Beit Hanoun por uma explosão e disparos de armas de fogo quando operavam na zona, anunciaram as forças armadas de Israel.
O Governo do Hamas na Faixa de Gaza afirmou hoje que o cerco israelita no norte do enclave, que começou há 100 dias, causou mais de 5.000 mortos e desaparecidos, enquanto a situação humanitária na zona foi agravada pelas restrições ao acesso de ajuda.
“As Nações Unidas tentaram chegar à zona sitiada do norte de Gaza 165 vezes entre 6 de outubro e 31 de dezembro de 2024, das quais 149 tentativas foram rejeitadas pelas autoridades israelitas e 16 foram impedidas”, informou o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), na passada quarta-feira.
JH // MAG
By Impala News / Lusa
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