Iémen: UNICEF diz que meio milhão de crianças pode morrer por desnutrição aguda

Mais de meio milhão de crianças está em risco de vida no Iémen devido à desnutrição aguda e uma em cada quatro não tem acesso à educação, alertou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Iémen: UNICEF diz que meio milhão de crianças pode morrer por desnutrição aguda

Segundo dados citados pela agência de notícias Europa Press, numa altura em que se assinalam os nove anos desde o início do conflito naquele país, há mais de 17,6 milhões de iemenitas a sofrerem de insegurança alimentar e registam-se mais de 4,5 milhões de deslocados internos.

Embora o país viva um período de cessar-fogo entre os rebeldes huthis e o Governo, intermediado pela Organização das Nações Unidas (ONU), a UNICEF salientou que a pobreza causada pelo conflito originou uma taxa de subnutrição “significativamente elevada” e que mais de metade das crianças iemenitas com menos de 5 anos sofre de subnutrição aguda ou moderada.

De acordo com a organização, são 593.000 as crianças que estão em risco de vida devido à desnutrição aguda, causadora de problemas médicos que se prolongam ao longo do seu crescimento.

Estima-se que 2,7 milhões de crianças no Iémen sofram de alguma forma de subnutrição.

Num ‘briefing’ sobre o nono aniversário do início da guerra no país, a chefe de Saúde da UNICEF no Iémen, Kebir Hassen alertou para as fragilidades do sistema de saúde motivadas pelo conflito, que mergulhou o país numa crise social, económica e política “devastadora”.

Hassen defendeu que a ajuda no Iémen, mesmo com a intervenção da ONU, continua a depender de doadores e denunciou a presença de epidemias como a poliomielite, alertando para a presença de movimentos antivacina.

Num país em guerra desde 2014, junta-se à fome a falta de acesso à educação, que afeta uma em cada quatro crianças.

“Precisamos de fazer com que estas crianças regressem à escola, precisamos de lhes dar resultados, uma aprendizagem de qualidade, e ajudá-las a ter aspirações para o futuro”, alertou o representante da UNICEF no Iémen Peter Hawkins, também citado pela Europa Press.

O responsável pela Educação da UNICEF no Iémen, Nor Shirin, também se pronunciou no mesmo sentido, sublinhando a importância de abordar os desafios educativos das crianças no Iémen e realçando que a situação é “dura e complexa”.

“A aprendizagem está em risco”, alertou, observando não haver falta apenas de escolas, mas também de professores, que desde 2016 não são pagos.

A deslocação forçada é uma das principais causas da falta de acesso das crianças à educação. Shirin sublinhou que a agência das Nações Unidas está a trabalhar com as autoridades educativas locais numa tentativa de promover políticas que apoiem o acesso ao ensino de “todas as crianças, incluindo as mais vulneráveis”.

“Mais de 80% das crianças não têm as competências necessárias para ler e 70% não têm conhecimentos básicos de matemática. A situação das raparigas é pior, porque há uma disparidade de género”, salientou, acrescentando que a guerra destruiu muitas das infraestruturas ligadas à educação.

Os huthis controlam a capital do Iémen, Saná, e outras áreas no norte e oeste do país desde 2015.

As suas ações obrigaram muitos armadores a suspender a passagem pelas rotas marítimas do Mar Vermelho.

Em guerra há mais de uma década, o Iémen é considerado o país mais pobre da Península Arábica.

JCR // ROC

Lusa/Fim

By Impala News / Lusa

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