Investimento no SNS permitiu retorno de 6,8 mil milhões para a economia
O investimento no SNS em 2020 permitiu um retorno de 6,8 MME para a economia, tendo em conta o impacto dos cuidados de saúde no absentismo e na produtividade, conclui estudo hoje divulgado.
O investimento no Serviço Nacional de Saúde em 2020 permitiu um retorno de 6,8 mil milhões de euros para a economia, tendo em conta o impacto dos cuidados de saúde no absentismo e na produtividade, conclui um estudo hoje divulgado.
“É um valor impressionante, significa que num só ano cerca de metade do investimento que é realizado no SNS é imediatamente retornado para a sociedade. Curiosamente, num ano em que existiu perda de atividade, o valor até foi ampliado”, afirmou o coordenador do estudo da Nova Information Management School (NOVA-IMS), Pedro Simões Coelho.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Simões Coelho explicou: “Em primeiro lugar, há uma perda de atividade, mas muitas pessoas continuaram a beneficiar do SNS. Por outro lado, o SNS inclui também as terapêuticas e medicamentos que o Estado comparticipa (…). Por ultimo, este valor dos 6,8 mil milhões inclui os doentes covid-19, que foram quase um milhão e o SNS teve um contributo muito grande para a redução do seu absentismo e para a melhoria da sua produtividade”.
Segundo os dados do Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela NOVA-IMS, este retorno foi superior (mais 1,4 mil milhões) ao valor apurado em 2019 (5,4 mil milhões).
De acordo com os dados do estudo, a que a Lusa teve acesso, a maioria dos portugueses faltou pelo menos um dia ao trabalho em 2020 por motivos de saúde e 17% faltaram mais de 20 dias. No entanto, a prestação de cuidados de saúde pelo SNS permitiu evitar uma ausência laboral equivalente a 2,9 dias, representando uma poupança de mil milhões de euros.
O SNS permitiu ainda evitar 9,9 dias de trabalho perdidos em produtividade, resultando numa poupança de 3,5 mil milhões de euros. No total, somando o impacto no absentismo e na produtividade, o SNS permitiu uma poupança global de 4,5 mil milhões de euros (mais 900 mil do que em 2019).
Considerando o impacto dessa poupança por via dos salários e a relação entre produtividade/remuneração (valor referência do INE), o estudo conclui que os cuidados prestados pelo SNS permitiram um retorno para a economia de 6,8 mil milhões.
Os dados indicam também que o índice de sustentabilidade do SNS deu uma queda com a pandemia, baixando de 101,7 em 2019 para 83,9 pontos em 2020. Contudo, se não fosse o efeito da pandemia, o índice estimado era de 103,6, segundo o estudo.
“A queda significativa da atividade, que estimamos em cerca de 10%, veio acompanhada de um aumento da despesa e isso corresponde a uma queda da produtividade. Essa queda da produtividade não poderia senão ter arrastado o índice para baixo, tendo atingido um valor de 84 pontos face ao valor base de 2014 que foi estabelecido como como o índice 100. É uma queda muito significativa”, disse à Lusa Pedro Simões Coelho, coordenador do estudo.
Contudo, o especialista recordou que se conseguiu neste estudo modelar qual seria o valor expectável de cada uma das componentes do índice para o ano 2020 se não tivesse existido pandemia e, com base nessas previsões, “teria tido o valor de 103,6”.
“Esta diferença, que é quase de 20 pontos, corresponde ao efeito covid-19 sobre a sustentabilidade do SNS”, acrescentou o responsável, sublinhando que “o grande desafio do SNS nos próximos anos é recuperar esta perda significativa de atividade”.
O estudo indica ainda que, na ótica dos utentes, houve “uma ligeira melhoria” nos cuidados de saúde prestados (73,2 pontos, mais 1,6), mas a qualidade técnica baixou (56,7, menos 3,1).
Os autores referem igualmente que a despesa aumentou 7%, mas sublinham a grande queda do déficit (-53%)
O trabalho, desenvolvido pela NOVA-IMS em colaboração com a AbbVie, avalia não só a evolução da sustentabilidade do SNS, mas também o SNS do ponto de vista do utilizador. Identifica pontos fracos e fortes, bem como possíveis áreas prioritárias de atuação, além de procurar compreender os contributos económicos e não económicos, nomeadamente no que diz respeito ao estado de saúde dos portugueses e participação no mercado laboral.
De acordo com os resultados, a avaliação dos portugueses do seu estado de saúde melhorou ligeiramente e a maioria dos inquiridos faz uma avaliação positiva: 59,8% consideram o seu estado de saúde “bom” ou “muito bom”, uma percentagem superior à registada no ano anterior (59,2%).
Contudo, metade dos inquiridos ainda considera que o seu estado de saúde dificulta a realização de tarefas diárias (pessoais e/ou profissionais), 45% diz que dificulta a sua mobilidade, 49% assume que afeta negativamente a sua qualidade de vida e 44% considera que o seu estado de saúde provoca ansiedade ou depressão/dor ou mal estar.
Numa escala de 1 a 100, os portugueses classificam o seu estado de saúde com 75,3 pontos. Sem o contributo do SNS, o índice do estado de saúde ficaria pelos 63,8 pontos, segundo o estudo.
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