Diana Fialho dedica-se a tapetes de Arraiolos na prisão
As alegações finais estão marcadas para a próxima sexta-feira, 12 de julho, onde será ouvida a testemunha que ninguém encontra
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Diana Fialho, de 24 anos, e Iuri Mata, de 27, estiveram presentes, na manhã desta terça-feira, 9 de julho, na sala de audiências do Tribunal de Almada para a segunda audiência do julgamento em que estão acusados de matar Amélia Fialho, de 59 anos, mãe adotiva da arguida. Estão acusados de um crime de homicídio qualificado e de um crime de profanação de cadáver. Na segunda parte desta audiência, Iuri Mata e Diana Fialho prestaram pela primeira vez declarações. Na última sessão, o advogado de Iuri tinha dito que o jovem «não iria depor» por estar sob efeito de medicação.
Juiz decide abordar Iuri, apesar de a Defesa afirmar que ele não estava em condições
O advogado de Iuri, Alexandre Martins, tem alegando desde a última sessão que o suspeito da morte de Amélia Fialho não está em condições para depor. «O Iuri não está bem psicologicamente. Nem a data de hoje deve saber dizer», afirmou o advogado. Apesar das alegações da defesa de Iuri, o juiz decidiu abordar o arguido para esclarecer questões que não estavam claras nos relatórios sociais. Apoiado sobre o corrimão de madeira que o separava de advogados e juízes, Iuri Mata prestou as primeiras declarações neste julgamento. Com voz grave e pouca entoação, respondeu a algumas questões sobre a bolsa que auferia enquanto era estudante. Disse, hesitante, que não tinha ocupação na prisão e que recebe visitas da mãe, da tia, da avó e de alguns amigos.
Diana Fialho tece tapetes na prisão
Depois, foi a vez de Diana Fialho. A jovem contou que tem como principal ocupação na prisão de Tires tecer tapetes de Arraiolos. Em março, aceitou fazer um contrato de trabalho – durante a prisão – por não ter outros meios de subsistência. Revelou ainda que foi acompanhada psicologicamente aos 14 anos e aos 18 anos. O primeiro acompanhamento deveu-se à morte da avó materna, mãe de Amélia Fialho. «Sofri muito porque a relação com a minha avó era muito boa. A minha mãe estava sempre a trabalhar e foi com a minha avó que aprendi tudo. Faleceu praticamente na minha mão», disse. Aos 18 anos, Diana recorreu de novo a ajuda psicológica. Não conseguia «terminar os estudos», a mesma razão que levou Iuri Mata a pedir também ajuda. «Na altura não estava a conseguir acabar o curso e tinha a autoestima muito em baixo.»
Diana não irá receber herança, caso seja condenada
No início do julgamento, o juiz Nuno Salpico revelou que acrescentara aos crimes imputados o de indignidade sucessória, o que significa que, caso Diana seja condenada, não terá direito aos bens da mãe adotiva.
Primeira testemunha do dia é amiga de Amélia
A professora Maria de Sousa, amiga de Amélia, primeira testemunha do dia, disse que os problemas entre Amélia e Diana começaram quando a arguida começou a namorar com Iuri. Acrescentou que Amélia Fialho quis adotar uma criança para ter alguém que herdasse os bens que o pai lhe tinha deixado. No entanto, quando os problemas entre mãe e filha começaram, Amélia confisenciou a Maria de Sousa a intenção de retirar o nome de Diana do testamento.
«Professora, se a Amélia estiver desaparecida, como é que chegamos às coisas dela?»
Maria de Sousa foi das primeiras a saber do desaparecimento de Amélia. Diana ligou-lhe para saber se ela a tinha visto. A amiga da vítima acompanhou Diana à PSP, por volta das 21h00 de 1 de setembro, para participar o desaparecimento, pela segunda vez. Estranhou a ausência de tristeza por parte de Iuri e de Diana. Ficou incomodada com uma pergunta que o rapaz fez. «Professora [Maria de Sousa], se a Amélia estiver mesmo desaparecida, como é que chegamos às coisas dela?»
Iuri apresentava quadro depressivo «intenso»
A segunda testemunha foi Maria Helena Esteves, a médica psiquiatra que acompanhou Iuri em 2016. Diz que o acusado apresentava quadro depressivo «intenso». Iuri recorreu à médica para conseguir terminar os estudos e, depois de ser medicado, começou a ter resultados académicos altos. Estava a tirar o curso de Contabilidade e Finanças. A médica revela ainda que já o pai de Iuri tinha «várias manifestações psicóticas».
Mãe de Iuri chora ao falar do filho
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Orlanda do Carmo, mãe de Iuri Mata, descreve o filho como «um miúdo sociável». «Era o meu braço direito. Ajudava-me sempre que fosse preciso e contribuía com algum dinheiro. Trabalhava enquanto estudava.» Como testemunha, Orlanda emociona-se. «O meu filho era a pessoa mais amiga do amigo. sSe houvesse alguma briga, o Iuri era o primeiro a estar presente.»
Orlanda vira-se para o filho e diz-lhe «amo-te». Iuri não contém as lágrimas
Orlanda não esteve presente no casamento do filho com Diana Fialho por «decisão própria». Entre 2014 e 2015, Iuri e Diana viveram em casa dela e «as coisas não correram bem». Para o fim, foi ainda «mais complicado». A mãe do arguido diz ainda que tinha conhecimento das queixas de Amélia e de Diana, de parte a parte. «Estarei sempre do lado do meu filho. E vou visitá-lo enquanto Deus me der forças», reitera. No fim das declarações, Orlanda vira-se para o filho e diz-lhe «amo-te». Iuri Mata não contém as lágrimas.
Apresentação de nova testemunha arrasta julgamento
Depois dos depoimentos das testemunhas, o juiz anunciou estar pronto para as alegações finais. A defesa de Diana Fialho, contudo, afirmou ter uma «nova testemunha» de que não podia «prescindir» devido à sua importância para o processo. Trata-se de uma antiga professora primária de Diana Fialho, que acompanhou a sua infância. No entanto, a testemunha não foi encontrada a tempo pela GNR e não esteve presente. A advogada de Diana Fialho comprometeu-se a tentar encontrá-la até à próxima sessão, que terá lugar esta sexta-feira, 12 de julho. A defesa de Iuri Mata alegou que o julgamento não poderia terminar sem a pronunciação dos requerimentos que entraram no processo.
Texto: Jéssica dos Santos | WiN; Fotos: Zito Colaço | DescobrirPress
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