Máscara limita acesso à educação da comunidade surda em Macau
A utilização obrigatória de máscara nas universidades de Macau já levou estudantes surdos a abandonar o ensino superior, denunciou hoje a diretora da Associação de Surdos de Macau.
Máscara limita acesso à educação da comunidade surda em Macau. “Devido à covid-19, [os estudantes] são obrigados a colocar máscara e, com as dificuldades que isso implica, tenho conhecimento de alguns casos que pararam os estudos”, disse à Lusa Nerissa Lau, à margem da assinatura de um acordo de colaboração com a Universidade de São José (USJ).
Fique a saber o que aconteceria ao mundo com a explosão de todas as bombas nucleares
Em 2019 existiam 15 mil armas nucleares em todo o mundo e uma explosão simultânea teria poder suficiente para acabar com a raça humana (… continue a ler aqui
É necessário “prestar atenção a estas questões e entender as necessidades” da comunidade surda, notou a responsável, referindo que existe a possibilidade da utilização de “máscaras transparentes” em ambiente de aula, mas que para isso é preciso “reforçar o contacto com as instituições de ensino superior”.
De qualquer maneira, “a percentagem de surdos ou pessoas com deficiências auditivas que prosseguem o ensino superior em Macau “é bastante baixa”, continuou a diretora da associação, com “cerca de 700 associados”. Em Macau, 4.197 pessoas eram portadoras de um cartão de registo de deficiência auditiva, emitido pelo Instituto de Acção Social, no final de 2021.
A parceria agora assinada pela Associação de Surdos de Macau e a USJ, focada na educação e na investigação, prevê a inclusão da cadeira de linguagem gestual no currículo da licenciatura de Serviço Social do estabelecimento de ensino superior.
A USJ será “a única universidade com a disciplina no curso de Serviço Social”, notou o coordenador deste programa de estudos em Serviço Social, Jacky Ho, que espera que o novo currículo esteja disponível “a partir do ano letivo 2023-2024”.
Ao nível da investigação, adiantou o académico, a USJ quer apostar na pesquisa sobre “políticas educativas, previdência social e até de serviços médicos, especificamente criados para este grupo de pessoas”.
Entre as áreas de cooperação previstas pelo acordo está o intercâmbio de especialistas, a colaboração na criação de oportunidades de trabalho de campo na área da assistência social e a colaboração em programas inseridos na região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, referiu a USJ, em comunicado. Para o reitor da USJ Stephen Morgan, este é mais um passo do estabelecimento educativo na “missão de trabalhar na construção de uma sociedade mais inclusiva”.
Durante a assinatura do acordo, o reitor disse que a USJ tem procurado, nos últimos anos, “identificar áreas de necessidade” para trabalhar, sendo “muito importante” a colaboração com organizações não-governamentais. “Ficamos satisfeitos por trabalhar com o governo, mas a flexibilidade [ao colaborar] com associações para encontrar soluções para as barreiras é maior”, referiu.
Siga a Impala no Instagram