Ministério Público quer 18 anos de prisão para mãe que matou filho autista

Procurador insiste que crime em Mirandela foi premeditado e merece punição severa. Defesa alega que foi homicídio privilegiado quer pena suspensa.

Ministério Público quer 18 anos de prisão para mãe que matou filho autista

O Ministério Público pediu, nesta quarta-feira, uma pena “nunca inferior a 18 anos” para a mãe acusada de matar o filho autista, numa aldeia de Mirandela, em julho de 2020. Nas alegações finais, o procurador defendeu a tese da acusação e que a arguida “matou, há dolo e necessariamente terá de ser condenada pela prática deste crime”, escreve o Jornal de Notícias. O caso remonta a 6 de julho de 2020, dia em que a arguida deu o alerta de que o filho estava morto num poço, numa propriedade a cerca de três quilómetros da aldeia de Cabanelas, onde residiam.

A mãe tomava conta sozinha do filho autista de 17 anos e o procurador reconheceu que viveu uma situação difícil, sobretudo com a chegada da pandemia e o encerramento da escola que o filho frequentava. No entanto, considerou que deve ser aplicada “uma pena pesada” pelas circunstâncias de ter levado o filho em direção ao poço, o ter medicado com “doses cavalares” e ter descido ao poço para, na opinião do magistrado, “se assegurar da morte por afogamento”.

Arguida confessa alívio pela morte do filho

Alegou ainda que “as pessoas podem sentir compaixão pela arguida, mas têm que perceber que quem mata tem de ser severamente punido e considerou que é uma “fuga à responsabilidade quando se diz que a culpa é da sociedade”. Para o procurador, estão reunidos os critérios do homicídio qualificado, o mais grave, punido com a pena de prisão entre 12 e 25 anos, o máximo previsto na lei. O procurador entende ainda que não se aplica ao caso o estado de desespero que pode diminuir, apesar de admitir que “o dia a dia da senhora era stressante, mais a mais no período da pandemia”.

No dia 6 de julho de 2020, o jovem, que sofria de autismo, foi resgatado morto de um poço e a mãe, de 54 anos, confessou que foi ela que o empurrou, alegando que o crime não foi premeditado, mas sim resultado da pressão a que estava sujeita. Atirou-o à água e foi com as próprias mãos, enquanto o filho se debatia, que submergiu a cabeça do rapaz. Em conversa com a irmã, dias depois, garantiu que não estava arrependida. “Estou aliviada”, disse.

A mãe tomava conta do jovem sozinha e partilhou com o tribunal, durante o julgamento, que ficou mais agressivo desde que ficou em casa, alegando que no dia da morte saiu com ele para um terreno agrícola para o tirar de casa. A mulher disse que viveu “um inferno”, desesperada, porque o filho ficou mais agressivo e nem a medicação parecia fazer efeito.

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