Montenegro despede-se do Brasil com promessa de valorização da língua portuguesa
Luís Montenegro terminou hoje a sua primeira visita ao Brasil como primeiro-ministro com uma visita ao Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, onde deixou a promessa de valorizar o que considerou “um dos elementos mais fortes” da identidade nacional.
Instalado na centenária Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa foi um dos primeiros a homenagear a língua portuguesa no mundo, com experiências interativas, conteúdo audiovisual e ambientes imersivos.
“A língua é o elemento mais relevante, forte da nossa identidade enquanto país, no caso de Portugal, e enquanto comunidade lusófona, contando com todos aqueles que no mundo falam português. E não há comunidade maior a falar português que a brasileira”, salientou.
Montenegro disse ter ficado “agradavelmente surpreendido” com esta visita e, em nome do Governo, prometeu “acarinhar” todas as iniciativas de valorização da língua.
“Nós temos feito um esforço muito grande no Governo para valorizar, preservar, estudar, desenvolver e para ensinar a língua portuguesa. E um espaço como este é uma montra excecional para poder cultivar estes princípios e estes objetivos”, salientou.
Na visita, o primeiro-ministro conheceu a exposição temporária “Línguas africanas que fazem o Brasil”, onde o curador Tiganá Santana destacou a influência desse continente na entoação, vocabulário ou pronúncia do português, e explicou que palavras também do dia-a-dia do português falado em Portugal como “minhoca” ou “cambada” têm origem na língua africana quimbundo.
Conduzido pela curadora principal Isa Ferraz, Montenegro percorreu os vários corredores que, de forma interativa, explicam a origem da língua portuguesa desde o império romano, numa exposição que inclui um fac-símile da carta de Pero Vaz de Caminha em que anuncia ao Rei D. Manuel I a descoberta das novas terras que viriam a ser o Brasil, doado pela Torre do Tombo.
“Quando o Presidente da República esteve aqui, chamavam-no para uma ‘coletiva’ [conferência de imprensa] e ele não queria sair”, recordou a socióloga e cineasta.
Inaugurado em 2006, o museu esteve encerrado entre 2015 e 2021 devido a um grave incêndio, tendo contado com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa na reinauguração.
O papel da tecnologia neste museu foi muito elogiado, no final, pelo primeiro-ministro.
“A inteligência artificial deve preservar, manter o português e não deixá-lo perder. Nós temos que cuidar do português, vocês aqui já estão um passo à frente. As novas gerações precisam da tecnologia para terem um incentivo a aprofundar essa ligação”, disse.
Montenegro entregou a este museu os três volumes da obra completa de Luís de Camões, uma edição preparada por Maria Vitalina Leal de Matos, no ano em que se assinalam os 500 anos do nascimento do poeta português.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, um dos mais entusiasmados com a visita, aproveitou para destacar uma outra perspetiva sobre o poeta Luís de Camões.
“Hoje há um olhar novo sobre Camões. Se for a ‘Os Lusíadas’, a grande preocupação dele não é apenas imperial ou da exploração. É também falar do sacrifícios dos povos que foram supostamente descobertos. E ele que era um apaixonado pelas mulheres, está sempre a defender a dignidade da mulher”, realçou.
Este foi o último ponto da agenda oficial do primeiro-ministro no Brasil, que viajará ainda hoje para Portugal, chegando a Lisboa ao final da manhã de quinta-feira.
O primeiro-ministro deslocou-se ao Brasil para participar, na segunda e terça-feira na cimeira de chefes de Estado e de Governo do G20, no Rio de Janeiro, que Portugal integrou pela primeira vez como observador a convite da presidência brasileira deste fórum internacional.
O chefe do Governo voltará em breve ao Brasil, tendo anunciado nesta deslocação a realização de uma cimeira luso-brasileira em Brasília, em 19 de fevereiro, seguida de um fórum empresarial em São Paulo no dia seguinte, com uma visita de Estado do Presidente da República associada a esta ocasião.
SMA // JPS
By Impala News / Lusa
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