Morreu Ermanno Olmi
O realizador e argumentista Ermanno Olmi, Palma de Ouro em Cannes por “A árvore dos tamancos”, morreu na madrugada de hoje, aos 86 anos, no hospital de Asiago, em Veneto, onde se encontrava internado, anunciou o Governo italiano.
O realizador e argumentista Ermanno Olmi, Palma de Ouro em Cannes por “A árvore dos tamancos”, morreu na madrugada de hoje, aos 86 anos, no hospital de Asiago, em Veneto, onde se encontrava internado, anunciou o Governo italiano.
Nascido em julho de 1931, ficou conhecido por filmes como “A lenda do santo bebedor”, adaptação da novela de Joseph Roth, que lhe valeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, em 1988, e “A árvore dos tamancos”, Palma de Ouro no festival de Cannes, em 1977, e César de melhor filme estrangeiro, no ano seguinte.
Herdeiro do neorrealismo italiano, Olmi estreou-se na realização com “Il tempo si e’ fermato” (1959), a que se seguiram “Il posto” (1961) e “I fidanzati” (1963).
A preocupação com as classes marginalizadas da sociedade industrializada levou-o aos documentários “Nino il fioraio” (1967) e “Beata gioventù” (1967), à longa-metragem “Un certo giorno” (1968) e a trabalhos para a televisão italiana como “La cotta” (1967), “I recuperanti” (1970) e “Durante l’estate” (1971).
“A árvore dos tamancos”, sobre o campesinato italiano no alvor do século XX, surgiu em 1977, depois de quase uma década afastado das salas de cinema.
Em 1982, trocou a cidade de Milão pela localidade de Asiago, na região de Veneto, nordeste de Itália, onde inaugurou a escola Ipotesi Cinema, com o objetivo de formar novas gerações de cineastas.
“A lenda do santo bebedor”, em 1988, marcou o seu regresso ao circuito internacional, com prémios em Veneza, entre outros festivais, como os de melhor filme e melhor realização.
Entre os seus últimos trabalhos estão “Il mestiere delle armi” (2001), “Tickets” (2005), “Giuseppe Verdi – Un ballo in maschera” (2006) e “Centochiodi” (2007).
Além do cinema, Olmi dedicaou-se igualmente à literatura, tendo publicado “Ragazzo della Bovisa” (2004), “L’apocalisse è un lieto fine. Storia della mia vita e del nostro futuro” (2013) e “Torneranno i prati” (2014).
Em 2008, o Festival de Veneza concedeu-lhe o Leão de Ouro de Carreira.
“O que eu procuro dizer nos filmes, deriva e pertence a esse mundo, o mundo que eu conheci pessoalmente: a indústria moderna e a civilização que esta cria”, disse Ermanno Olmi sobre o seu percurso, citado pela Cinemateca Portuguesa, que dedicou uma retrospetiva ao cineasta, em 2012.
Em 2014, na passagem dos 100 anos sobre o início da II Guerra Mundial, a Cinemateca associou-se às instituições que, em vários pontos do globo, promoveram em simultâneo a estreia mundial de “Torneranno i prati”, da última longa-metragem de ficção de Ermanno Olmi.
Há um mês, a Festa do Cinema Italiano apresentou em Lisboa o mais recente filme do realizador, “Vedete, sono uno di voi” (2017), obra documental sobre o cardeal de Milão Carlo Maria Martini, que apresentava como um dos mais progressistas da história da igreja católica.
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