Peça “As Troianas” de Hélia Correia e Jaime Rocha estreia-se em palco em Sintra

A peça “As Troianas”, com texto de Hélia Correia e Jaime Rocha, estreia-se, na Quinta da Regaleira, em Sintra, no dia 27, tendo como pano de fundo a guerra, a opressão e a força da resistência das mulheres.

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Um coro de seres parecidos com lobos, que abre o espetáculo questionando o espírito belicista dos humanos e o porquê de se fazerem guerras, mostra ao que vem este texto dos dois autores que partiram de Eurípides para conceberem um texto que também se liga à atualidade, disse à agência Lusa Susana C. Gaspar, que encena a peça com Paulo Campos dos Reis, diretor artístico da associação cultural Musgo.

Escrito em 2017, com as falas femininas saídas das mãos de Hélia Correia e as masculinas das de Jaime Rocha, trata-se da estreia absoluta em palco.

“As Troianas” tem personagens conhecidas de épicos como “Ilíada” ou “Odisseia” e de “As Troianas”, de Eurípides.

Apesar de também ter um discurso clássico, “este é muito aproximado àquilo que [se vive] hoje na contemporaneidade”, indicou Susana C. Gaspar.

“O que é muito interessante porque estamos a ouvir um texto clássico na boca destas personagens com estas ressonâncias”, frisou.

Integrado no ciclo “Geografia da Resistência”, realizado este ano pela Chão de Oliva no âmbito das comemorações dos 50 anos da liberdade e do 25 de Abril de 1974, a peça cumpre o objetivo do ciclo, “que foi desenhado para se pensar sobre o que é que significa resistir ainda hoje e ter de lutar por direitos ainda hoje”, enfatizou a encenadora.

“As Troianas” fala de mulheres que, após a derrota da guerra de Troia, foram usadas como troféus de guerra.

Mulheres que são “rainhas e princesas” e foram usadas como escravas, dando uma visão sobre a mulher e sobre a “opressão e discriminação de que ainda hoje são vítimas”, observou.

O texto de Hélia Correia e Jaime Rocha não vitimiza, nem diminui as mulheres, já que elas são as “resistentes” dentro do texto, disse.

“Elas provocam, elas respondem, elas têm a sua própria forma de sobrevivência e de resistência dentro desta guerra e destes conflitos mesmo estando viúvas, mesmo tendo perdido filhos, e é impressionante ver a resiliência destas personagens femininas neste espetáculo”, enfatizou.

Assistir a este espectáculo, que Susana C. Gaspar definiu como “desassombrado e que leva o espectador para o lugar da palavra”, na Quinta da Regaleira, “é também a oportunidade de o ver num cenário idílico”.

Até porque, o texto transporta os espectadores para “outro lugar que não é a Grécia nem os dias hoje”, concluiu.

“As Troianas” é a mais recente produção da Companhia de Teatro de Sintra – Chão de Oliva e a interpretar estão André Pardal, Catarina Rôlo Salgueiro, Hugo Sequeira, Ivo Alexandre, Marques d’Arede, Paula Pedregal, Rute Lizardo, Susana Arrais e Susana C. Cabral.

Paula Hespanha é a responsável pela conceção plástica e cenografia e Nuno CIntrão pela música e composição.

A peça está em cena de 27 de junho a 03 de agosto, com récitas de quinta-feira a sábado, às 21:30, tendo legendas em inglês e português.

CP // TDI

By Impala News / Lusa

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