Our first human flight on Tuesday will be the 16th flight in #NewShepard’s history. Learn about the meticulous & rigorous launch program that brought us to this first step. Watch the launch live on https://t.co/7Y4TherpLr, starting at 6:30 am CDT / 11:30 UTC. #NSFirstHumanFlight pic.twitter.com/xWQRYLikZd
— Blue Origin (@blueorigin) July 18, 2021
Quanto polui a SpaceX de Elon Musk para levar turistas ao Espaço
Estão abertas as viagens comerciais ao Espaço e a notícia não é boa para o Ambiente. Para levar quatro turistas para lá da atmosfera terrestre, a SpaceX, do magnata Elon Musk, polui 100 vezes mais do que um avião comercial.
A corrida comercial para levar turistas ao Espaço tem três ferozes competidores: Richard Branson, Jeff Bezos e Elon Musk. Na noite desta quarta-feira, 15 de setembro, um milionário, uma jovem, uma afroamericana e um veterano da Força Aérea – os quatro turistas norte-americanos do primeiro voo comercial ao Espaço – descolaram do Centro Espacial Kennedy, na Florida, Estados Unidos, a bordo de uma cápsula da SpaceX, para uma viagem de três dias para lá da atmosfera terrestre.
O Falcon 9, que transportou a Dragon, descolou às 23h02 de Portugal (20h02 locais), do Centro Espacial Kennedy, na Florida. Minutos depois, a cápsula separou-se com sucesso do foguetão da SpaceX. A notícia é boa cientifica e comercialmente, mas talvez não seja assim tanto se cada foguetão produzir 100 vezes mais poluição do que um avião comercial, por cada passageiro.
Corrida privada ao Espaço
Em 11 de julho, sir Richard Branson subiu 80 km, até ao limite do Espaço, na sua aeronave espacial pilotada Virgin Galactic VSS Unity. O foguetão autónomo Blue Origin, de Jeff Bezos, foi lançado em 20 de julho, para coincidir com o aniversário da alunagem da Apollo. Bezos partiu depois, mas foi mais longe, ao atingir a altitude de cerca de 120 km. O lançamento demonstrava a nova oferta para turistas muito ricos: chegar ao espaço sideral.
Tanto o pacote turístico de Branson quanto o de Bezos proporcionam aos passageiros uma experiência de aproximadamente dez minutos em gravidade zero e vislumbres da Terra vista do Espaço. A experiência será inesquecível, mas nada que se pareça com a que desde ontem a SpaceX de Elon Musk proporciona: três dias de viagem orbital – 15 voltas à Terra por dia – na cápsula Crew Dragon.
Consequências ambientais
Bezos garante que os seus foguetões Blue Origin são mais verdes do que o de Branson. O Blue Engine 3 (BE-3) lançou Bezos, o irmão e dois convidados ao Espaço com combustíveis de hidrogénio e oxigénio líquidos. O VSS Unity usou um combustível híbrido, composto de um propelente sólido à base de carbono, polibutadieno e hidroxila (HTPB) e um oxidante líquido, o óxido nitroso. A série de foguetões reutilizáveis SpaceX Falcon, entretanto, impulsionou nesta quarta-feira o Crew Dragon até à órbita terrestre com querosene e oxigénio líquidos.
Queimar estes propelentes – combustíveis potentíssimos – fornece a energia necessária para lançar foguetões para o espaço, sem dúvida, mas gera simultaneamente gases de efeito estufa e poluentes atmosféricos. Gigantescas quantidades de vapor de água são produzidas pela queima do BE-3, mas a combustão dos VSS Unity e Falcon produz CO2, fuligem e vapor de água em quantidade muito inferior. O oxidante à base de nitrogénio usado pela VSS Unity também gera óxidos de nitrogénio que contribui para a poluição do ar próximo da Terra.
Golpes duros na camada de ozono
Cerca de dois terços da exaustão do combustível são libertados na estratosfera (entre os 12km e os 50km de altura) e na mesosfera (dos 50km aos 85km), onde persiste por, pelo menos, dois a três anos. As temperaturas elevadas produzidas no lançamento e a reentrada (momento em que os escudos térmicos de proteção das naves queimam) também convertem o nitrogénio estável do ar em óxidos de nitrogénio reativos.
Estes gases ou partículas têm bastantes efeitos negativos na atmosfera. Na estratosfera, os óxidos de nitrogénio e os produtos químicos formados a partir do vapor de água convertem o ozono em oxigénio, constituindo um duro golpe na camada de ozono, essencial na proteção da vida na Terra, por filtrar a radiação ultravioleta emitida desde o Sol. O vapor de água produz igualmente nuvens estratosféricas que acabam por acelerar a reação de desgaste do ozono.
Turismo espacial e mudanças climáticas
Se as emissões de gases de CO2 e o calor da fuligem na atmosfera contribuem para o aquecimento global, o arrefecimento da atmosfera também pode ocorrer, pela ação das nuvens produzidas pelo vapor de água emitido que reflete a luz solar. À equação, junta-se a inevitável aceleração no empobrecimento da camada de ozono, que passa a absorver menos luz solar e, assim, a contribuir para o aquecimento da estratosfera.
Contabilizar de forma exata o efeito dos lançamentos massificados de foguetões na atmosfera exigirá novos e mais detalhados estudos que tenham estes processos complexos em conta, bem como a persistência destes poluentes na alta atmosfera. Igualmente importante é a compreensão exata de como a indústria do turismo espacial se desenvolverá.
A Virgin Galactic prevê oferecer 400 voos espaciais por ano. Blue Origin e SpaceX não anunciaram ainda projeções, mas, globalmente, os lançamentos de foguetões não necessitariam de aumentar muito em relação aos atuais cerca de 100 realizados por ano para continuar a infligir efeitos inequivocamente destruidores da camada de ozono, cujo buraco é já maior do que a área da Antártida
Durante o lançamento, um foguetão emitir entre quatro a dez vezes mais óxidos de nitrogénio do que a Drax, a maior central térmica do Reino Unido, no mesmo período. As emissões de CO2 para os quatro turistas ontem enviados pela SpaceX até ao Espaço, serão cerca de 100 vezes superiores a cada passageiro num voo comercial de longo curso.
Siga a Impala no Instagram