“Quando acabar a saliva, tem de ter pólvora’, diz Bolsonaro sobre criticas de Biden
O Presidente brasileiro criticou hoje as declarações de um “candidato à chefia de Estado” sobre a Amazónia, embora sem mencionar diretamente o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, acrescentando que “quando acabar a saliva, tem de ter pólvora”.
O Presidente brasileiro criticou hoje as declarações de um “candidato à chefia de Estado” sobre a Amazónia, embora sem mencionar diretamente o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, acrescentando que “quando acabar a saliva, tem de ter pólvora”.
“Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de Estado dizer que se eu não apagar o fogo da Amazónia, vai levantar uma barreira comercial contra o Brasil. (…) Apenas diplomacia não dá. Quando acabar a saliva, tem de ter pólvora. Senão não funciona”, afirmou hoje o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, embora sem mencionar diretamente o nome do Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.
Durante a campanha eleitoral norte-americana, quer Biden, quer a sua vice-presidente, Kamala Harris, fizeram duras críticas à atual política brasileira para a Amazónia, a maior floresta tropical do planeta, que sofre os maiores incêndios e desflorestação em décadas desde que Bolsonaro ascendeu ao poder, em 2019.
As críticas surgiram inclusive no primeiro debate entre Biden e o seu antecessor, Donald Trump, na reta final da campanha eleitoral, em que o candidato do Partido Democrata disse que o Brasil deveria “parar” a “destruição” da Amazónia, caso contrário enfrentaria “consequências económicas significativas”.
“Mais carbono é absorvido naquela floresta do que é emitido pelos Estados Unidos. Vou garantir que vários países se juntem e digam [ao Brasil]: aqui estão 20 mil milhões de dólares. Parem de destruir a floresta. E se vocês [Brasil] não pararem, então vocês sofrerão significativas consequências económicas”, disse o agora Presidente eleito dos Estados Unidos, num debate no final de setembro.
No último sábado, Biden foi declarado vencedor das eleições norte-americanas, derrotando o Republicano Donald Trump, de quem Bolsonaro é aliado e um confesso admirador.
Contudo, apesar de já ter recebido cumprimentos de vários chefe de Estado pela vitória no sufrágio, Joe Biden ainda não foi congratulado pelo executivo brasileiro.
Na segunda-feira, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, disse que Jair Bolsonaro aguarda o fim de disputas jurídicas para se pronunciar sobre as eleições nos Estados Unidos e a vitória do candidato democrata, Joe Biden.
“Eu julgo que o Presidente está aguardando terminar esse imbróglio aí de discussão se tem voto falso, se não tem voto falso, para dar o posicionamento dele (…) É óbvio que o Presidente na hora certa vai transmitir os cumprimentos do Brasil a quem for eleito”, disse Mourão a jornalistas.
A posição de Bolsonaro em relação às eleições nos Estados Unidos é semelhante à adotada pela Rússia, China e também países latino-americanos como o México, que optaram por aguardar o resultado das ações judiciais tentadas pelo candidato republicano e Presidente cessante, Donald Trump, que denunciou alegadas fraudes no processo de votação nas presidenciais norte-americanas.
Bolsonaro expressou ao longo do processo eleitoral dos Estados Unidos a sua preferência pela reeleição de Trump e manteve um tom crítico contra Biden após algumas declarações do agora Presidente eleito sobre a Amazónia.
Entre janeiro e setembro deste ano, a Amazónia brasileira registou 76.030 queimadas, o maior número desde 2010, quando foram registados 102.409 focos de incêndio no mesmo período, indicou o Instituto de Pesquisas Espaciais brasileiro.
Já a desflorestação da maior floresta tropical do mundo atingiu mais de sete mil quilómetros quadrados de janeiro a setembro, um número alarmante, apesar de uma queda de 10% comparativamente a igual período de 2019, ano em que foram quebrados todos os recordes, de acordo com o mesmo organismo público.
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