Registado um gato-bravo na região do Vale do Côa pela primeira vez em 30 anos

Foi identificado pela primeira vez em 30 anos um gato-bravo na região do Vale do Côa, em terrenos da associação de conservação da natureza Rewilding Portugal, localizados no concelho de Almeida, distrito da Guarda.

Registado um gato-bravo na região do Vale do Côa pela primeira vez em 30 anos

Em comunicado enviado à agência Lusa, a associação privada de conservação da natureza salienta que “segundo o Livro Vermelho dos Mamíferos o gato-bravo está em perigo de extinção em Portugal e estima-se que existam menos de 100 indivíduos adultos, e este é o primeiro registo confirmado para o Grande Vale do Côa, fora da Serra da Malcata, em mais de 30 anos”.

“Quando me deparei com a primeira foto deste gato quase saltei da cadeira! É extremamente raro encontrar gatos-bravos em Portugal e, em especial, na região do Côa”, conta Pedro Ribeiro, biólogo da Rewilding Portugal envolvido na descoberta e citado na nota da associação.

O gato-bravo foi primeiro registado com recurso a fotoarmadilhagem. Mas, como relata Pedro Ribeiro, “é muito difícil distinguir esta espécie de um gato doméstico com fenótipo selvagem” e, por isso, depois de consultados especialistas do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), fez-se uma prospeção no terreno, onde foi possível encontrar excrementos.

Os vestígios seguiram para análise genética, no âmbito da colaboração com o CIBIO-InBIO/BIOPOLIS da Universidade do Porto, em que o grupo CONGEN, coordenado por Paulo Célio Alves, está a desenvolver um estudo sobre a diversidade genética e o grau de hibridação do gato-bravo a nível ibérico.

“A análise de marcadores moleculares do ADN nuclear permitiu confirmar geneticamente que o animal era de facto um gato-bravo, o primeiro registo numa das nossas áreas rewilding no Grande Vale do Côa”, realça o biólogo.

A Rewilding relata que não é raro fotografar gatos domésticos e assilvestrados no campo através deste tipo de câmaras, já que estes animais conseguem viver a dezenas de quilómetros das povoações humanas mais próximas, competem por território com o autóctone gato-bravo e hibridizam com esta espécie, diluindo a sua genética selvagem.

A perda de habitat e a hibridação com gatos domésticos são os maiores problemas para a sua conservação. A Rewilding alerta que é “uma situação crítica que é necessário inverter, começando a trabalhar com esta espécie no imediato” defendendo ser “urgente iniciar ações para recuperar o gato-bravo na Península Ibérica”.

Em Portugal, a Rewilding vai começar por apoiar a esterilização dos gatos domésticos que se encontram nas proximidades desta área onde foi registado o gato-bravo, para evitar riscos de hibridação.

A Rewilding é uma associação privada de conservação da natureza e o principal parceiro da Rewilding Europe na área de rewilding do Grande Vale do Côa. Um dos objetivos das áreas rewilding, é atuarem como refúgios onde a vida selvagem encontra as condições necessárias para prosperar.

EDYG // JEF

By Impala News / Lusa

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