Reunião de 37 países reforça compromisso com energia nuclear para reduzir emissões de CO2

Trinta e sete países, que representam cerca de 4,8 mil milhões de pessoas, reuniram-se hoje na primeira Cimeira sobre Energia Nuclear, na qual destacaram a importância desta fonte energética e reafirmaram o compromisso para reduzir as emissões de CO2.

Reunião de 37 países reforça compromisso com energia nuclear para reduzir emissões de CO2

Os signatários do texto que saiu da reunião em Bruxelas convocada pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e pela Bélgica sublinham o seu “compromisso com a energia nuclear” como componente-chave da “estratégia global de redução de emissões” de dióxido de carbono (CO2), respeitando “os mais elevados níveis de segurança e proteção”.

“Comprometemo-nos a trabalhar para desbloquear plenamente o potencial da energia nuclear, tomando medidas como a criação de condições favoráveis para apoiar e financiar de forma competitiva a extensão da vida útil dos reatores nucleares existentes, a construção de novas centrais (…) e o rápido desenvolvimento de reatores avançados”, acrescentam.

A reunião juntou os líderes de França, Hungria, Finlândia, Eslovénia, Polónia e Sérvia e representantes da Argentina, Bangladesh, Brasil, Bulgária, Canadá, China, Egito, Índia, Arábia Saudita, Coreia, Paquistão, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.

Ausentes estiveram países como a Bielorrússia, a Ucrânia (país onde fica localizada a maior central nuclear da Europa, Zaporijia) e a Rússia, grande produtor mundial de combustível atómico, além do Irão, que está a desenvolver um controverso programa nuclear encarado com desconfiança pela comunidade internacional.

A energia nuclear, que se tinha tornado uma espécie de tabu em parte da Europa — e sobretudo na Alemanha – depois do acidente na central japonesa de Fukushima, voltou a ganhar força desde 2021, como forma de libertar a União Europeia (UE) da dependência do gás russo.

A questão tornou-se ainda mais relevante depois do corte de relações com Moscovo, na sequência da invasão da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

No início de 2023, a França assumiu-se como a grande defensora desta mudança, com o lançamento de uma “aliança nuclear europeia” que reúne uma dezena de Estados, como a Polónia, a Finlândia, a Suécia, ou a República Checa, e depois com a aprovação de legislação mais flexível que incluiu a energia nuclear nas soluções das renováveis.

A vontade de focar a atenção na energia nuclear foi reforçada na última cimeira climática da ONU, a COP28, realizada no Dubai, onde as partes reconheceram expressamente a “energia nuclear” entre as soluções climáticas.

“Foram necessárias 28 conferências climáticas das Nações Unidas para reconhecer que a energia nuclear é necessária”, afirmou na altura o diretor-geral da AIEA (agência que integra o sistema da ONU), o argentino Rafael Grossi.

Hoje existem dezenas de projetos para colocar no mercado melhores reatores nucleares modulares, mais pequenos, mais baratos, mais seguros e mais adaptáveis do que as centrais tradicionais.

A energia nuclear continua, no entanto, a ter detratores, especialmente na Europa, com é o caso de países como Alemanha, Noruega, Áustria, Luxemburgo, Dinamarca e Espanha.

Todos estiveram ausentes da reunião de hoje e todos culpam a energia nuclear pelos problemas de segurança ou de gestão de resíduos, além de considerarem que não é uma via mais barata.

A energia nuclear também conta com a oposição de muitos grupos ambientalistas, como recordaram hoje ativistas da Greenpeace à porta da cimeira, com cartazes a criticar o que classificam como “conto de fadas nuclear”.

Ainda assim, Rafael Grossi está convencido que o caminho está a ser feito e não há retrocesso.

“Vemos uma crescente consciência da natureza essencial” da energia nuclear para enfrentar o aquecimento global, afirma o diretor-geral da AIEA.

Apesar das medidas acordadas na cimeira de hoje, falta ainda resolver problemas como o financiamento.

O desenvolvimento de centrais nucleares envolve investimentos de vários milhares de milhões de euros a longo prazo e existem vários projetos recentes com um histórico significativo de atrasos e derrapagens de custos e os Estados já começaram a fazer apelos

“Apoiamos os esforços para facilitar a mobilização de investimentos públicos, quando apropriado, e de investimentos privados para projetos adicionais de energia nuclear”, refere a declaração hoje adotada em Bruxelas.

PMC // SCA

By Impala News / Lusa

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