Sandro só perfilhou Valentina quando esta tinha um ano

A guarda judicial estava a cargo da mãe mas devido à pandemia de covid-19, e perante o facto de não ter internet em casa, Valentina foi para casa do pai, para poder fazer telescola.

Sandro Bernardo não reconheceu Valentina como sua filha até que esta tinha cerca de um ano. Até lá, não manteve contacto com a menina e só a perfilhou quando foi obrigado pelo tribunal, após testes de ADN.

A guarda judicial estava a cargo da mãe mas devido à pandemia de covid-19, e perante o facto de não ter internet em casa, Valentina foi para casa do pai, para poder fazer telescola.

A menina foi assim para Atouguia da Baleia, onde ficou a viver com o pai, a madrasta, duas meias irmãs e um filho da madrasta. Foi ali, naquela casa, que acabou por morrer. Depois de ser agredida no banho e deixada no sofá. 

Valentina foi dada como desaparecida na quinta-feira de manhã, depois de uma denúncia do pai no posto da GNR de Peniche.
As buscas contaram com o envolvimento de “mais de 600 elementos ativos, numa área percorrida de sensivelmente quase 4 mil hectares, palmilhada mais do que uma vez em alguns locais”, referiu o comandante da GNR de Caldas da Rainha, Diogo Morgado, numa conferência de imprensa, no domingo.

Entre estes elementos estiveram as valências do destacamento de Intervenção de Leiria e o grupo de intervenção cinotécnico (com cães treinados), de Lisboa, e a equipa de aeronaves remotamente pilotadas da GNR, a PSP, bombeiros, escuteiros e vários civis.

Depois de cerca de três dias de buscas, a PJ de Leiria deteve, no domingo, o pai e a madrasta da vítima, cujo corpo foi encontrado numa mata na Serra D’el Rei, no concelho de Peniche, distrito de Leiria, coberto por arbustos.
Os dois suspeitos estiveram com os inspetores na casa onde o alegado homicídio terá acontecido e na mata para onde o corpo foi transportado, a reconstituir o alegado crime. Outras diligências continuam a ser efetuadas pelos inspetores, para reunirem provas de que o crime foi concretizado pelo pai e pela madrasta da criança durante o dia de quarta-feira.

“Estamos a verificar [o cenário da morte], mas claro que terá de ter acontecido em algum contexto de violência”, disse, em conferência de imprensa, o coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Leiria, Fernando Jordão, salientando que, “à partida” não terá sido uma morte acidental.

O coordenador da PJ de Leiria adiantou que a morte terá ocorrido “por questões internas do funcionamento da família”, escusando-se a revelar mais informações.

Convicto de que a vítima terá sido morta dentro da habitação, o responsável disse desconhecer se as outras três crianças, “de 11/12 anos, quatro anos e outra com meses”, que se encontravam em casa, terão assistido a alguma coisa.
A PJ ouviu, contudo, a criança mais velha, assim como os principais suspeitos, o pai, de 32 anos, e a madrasta, de 38 anos, que estão acusados de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

O responsável esclareceu que esta situação não terá correlação com o desaparecimento da criança numa outra ocasião.
O corpo da criança foi encontrado a meio da manhã de domingo.

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Texto: Marta Amorim

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