Verão de 2021 foi o mais quente de sempre

O verão passado na Europa foi o mais quente de sempre, revelou hoje o sistema de observação por satélite Copérnico, registando que continuou a aumentar a concentração na atmosfera de gases com efeito de estufa.

Verão de 2021 foi o mais quente de sempre

No relatório Estado do Clima Europeu divulgado hoje, o serviço de alterações climáticas da rede Copérnico salienta que 2021 foi um ano de contrastes, com uma onda de calor “intensa e prolongada” na região do Mediterrâneo nos meses de julho e agosto, ao mesmo tempo que Alemanha e Bélgica estavam a braços com recordes de precipitação em meados de julho. Pela primeira vez, o Copérnico concluiu a partir dos dados da sua rede de satélites que o ano de 2021 ficou marcado por ventos fracos, com os valores mais baixos desde 1979 registados em países como Dinamarca, Alemanha ou República Checa, uma observação “crucial para o planeamento de infraestruturas de energias renováveis”, mas que não permite ainda fazer previsões a longo prazo ou entender na totalidade como as alterações climáticas poderão influenciar os ventos no continente, que têm “grande variabilidade”.

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Apesar de redução de atividade e emissões poluentes em 2020 e 2021 por causa de confinamentos forçados de populações para tentar conter surtos de covid-19, a acumulação na atmosfera de gases com efeito de estufa continuou a aumentar, com “uma subida especialmente grande de metano”: as estimativas baseadas em observações de satélites apontam para um aumento de 2,3 partes por milhão de dióxido de carbono e 16,5 partes por milhar de milhão de metano. A temperatura média durante os meses de verão em 2021 situou-se um grau centígrado acima da média dos anos entre 1991 e 2020, mas feitas as contas ao ano inteiro, não esteve entre os 10 anos mais quentes de sempre na Europa, com 0,2 graus acima da média 1991-2000. Sobre o mar, no entanto, as temperaturas à superfície no Báltico e no Mediterrâneo oriental foram as mais altas desde 1993, chegando aos 05 graus acima da média em algumas partes do mar Báltico.

A temperatura média durante os meses de verão em 2021 situou-se um grau centígrado acima da média dos anos entre 1991 e 2020

Foi um verão de “fogos florestais devastadores” na região mediterrânica e ondas de calor que chegaram a durar duas a três semanas em países como Itália, Grécia e Turquia, os países mais afetados pelos incêndios, a que ajudaram condições de seca, e que afetaram uma área superior a 800 mil hectares. Em Itália, os termómetros chegaram aos 48,8 graus, atingindo um recorde europeu provisório. Em Espanha, quebrou-se o recorde nacional provisório com 47 graus centígrados. Por contraste, a chuva também bateu recordes no dia 14 de julho de 2021 sobre a Bélgica, com o valor mais alto num só dia desde 1950, e na Alemanha ocidental, contribuindo para as descargas mais elevadas desde 1991 em partes dos rios Mosa e Reno.

Um sistema de baixas pressões atravessava lentamente o continente e atraiu ar húmido que estava sobre o Báltico aquecido, e a quantidade concentrada de chuva e solos saturados desde o princípio de julho contribuíram para “uma inundação excecional”. “Há um aumento global claro” das temperaturas em terra e no mar quando se compara com a era pré-industrial, medido entre 1,1 a 1,2 graus centígrados a nível global e atingindo 2,2 no caso do continente europeu e 3,3 graus sobre o Ártico, salienta o Copérnico. Sobre a região ártica, os satélites Copérnico detetaram que as emissões de dióxido de carbono provocadas por fogos florestais foram as quartas mais elevadas desde 2003 – num total de 16 milhões de toneladas -, provenientes da Sibéria oriental e que o gelo marinho ocupou a 12.ª extensão mais reduzida desde 1979, ano em que começaram os registos.

“Em 2021 assistiu-se a temperaturas muito mais frescas do que os extremos de 2020”, nota o Copérnico, ressalvando que os glaciares continuaram a perder massa, quer na Gronelândia quer na Antártida. Persiste ainda a subida dos níveis de água do mar, com um aumento médio desde 1993 entre 3,2 milímetros a nível global e 4,4 milímetros na Europa.

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