Seca: Interior do distrito de Coimbra teme efeitos da falta de água

Os municípios de Arganil, Pampilhosa da Serra e Góis, no interior do distrito da Coimbra, temem os efeitos do período de seca que o país atravessa, sobretudo a probabilidade de os fogos florestais se acentuarem.

Seca: Interior do distrito de Coimbra teme efeitos da falta de água

Para já, o abastecimento de água ainda não está comprometido, mas, se a chuva não aparecer em abundância, será uma grande preocupação para os autarcas. “Temos uma preocupação total com esta situação. As nascentes estão sem água e as albufeiras estão em níveis nunca vistos”, descreveu Jorge Custódio, presidente da Câmara da Pampilhosa da Serra. Pampilhosa da Serra acolhe no seu território três grandes albufeiras: Cabril, Santa Luzia e Alto do Ceira. O autarca salientou a medida do Governo de proibir a produção de energia elétrica neste período de seca em algumas barragens, como a do Cabril, o “que leva a que a descida [da massa de água] não seja tão abrupta”.

Para Jorge Custódio, “se continuar este período de seca vai haver problemas de abastecimento de água e outros”, como o flagelo antecipado dos fogos florestais, num território marcadamente florestal. No concelho de Arganil, o município já suspendeu operações de rearborização na Serra do Açor com espécies autóctones, no âmbito do projeto “Floresta Serra do Açor”, devido à descida dos níveis de humidade do solo, indispensável para o enraizamento das árvores. “Estamos a ter uma limitação muito grande na rearborização e estamos muito apreensivos com o aumento do risco de incêndio, já que está tudo muito seco”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara, Luís Paulo Costa.

O autarca de Arganil salientou que, para já, o abastecimento de água, que é feito a partir do rio Alva, ainda não suscita preocupação, uma vez que “o caudal está mais ou menos estável”. Em Góis, o presidente da autarquia, Rui Sampaio, também olha para a situação de seca com preocupação e para os riscos acrescidos que traz ao concelho, que possui uma vasta área florestal. “A falta de água durante este período extenso, juntamente com as temperaturas altas e vento, coloca-nos numa situação de risco de incêndio, que pode ser bastante problemático”, salientou.

Relativamente ao abastecimento de água às populações, o autarca de Góis disse que ainda não foi reportado nenhum constrangimento que possa criar alguma perturbação. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em janeiro “verificou-se um agravamento muito significativo da situação de seca meteorológica, com um aumento da área e da intensidade, estando no final do mês todo o território em seca, com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema”. Ainda de acordo com o IPMA, em relação à precipitação, janeiro de 2022 foi o 6.º mais seco desde 1931 e o 2.º mais seco desde 2000.

O Governo restringiu o uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola devido à seca em Portugal continental. Para já, há quatro barragens cuja água só será usada para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, garantindo valores mínimos para a manutenção do sistema: Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco/Leiria) e Castelo de Bode (Santarém).

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