Sete em dez portugueses em quarentena acusaram sofrimento psicológico

Estudo do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA) revela que sete em cada 10 portugueses que estiveram em quarentena acusaram sofrimento psicológico. Mais de metade apontou sintomas de depressão moderada a grave.

Sete em dez portugueses em quarentena acusaram sofrimento psicológico

Sete em dez portugueses que estiveram em quarentena ou já recuperados da covid-19 acusaram sofrimento psicológico e mais de metade apontou sintomas de depressão moderada a grave, revela o mais recente estudo do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA), intitulado de “Saúde Mental em Tempos de Pandemia”.

Das pessoas internadas no período em que decorreu o estudo, entre 22 de maio e 14 de agosto, 92% relataram sintomas de ansiedade moderada a grave e 43% sintomas de perturbação de stress pós-traumático.

“Isto é extremamente relevante, mas também seria expectável e vem em linha de conta com o que está a acontecer nos outros países da Europa, que também têm estudado o impacto da pandemia na saúde mental”, disse Teresa Caldas, a coordenadora do estudo.

A investigação mostra que são os profissionais de saúde que apresentam percentagens mais elevadas de ansiedade moderada a grave do que a população geral. Os mais afetados “como seria expectável” são os profissionais que estão a tratar os doentes com covid-19, que têm um risco de sofrimento psicológico 2.5 vezes superior aos que não estão a tratar esses doentes.

É também neste grupo de profissionais de saúde que os níveis de ‘burnout‘ (exaustão física e emocional) são mais elevados, chegando a atingir os 43%.

Segundo o estudo, 34% da população geral e 45% dos profissionais de saúde apresentavam sinais de sofrimento psicológico no decurso dos 15 dias anteriores à participação no estudo. Já 27% dos inquiridos da população geral indicaram ter sintomas moderados a graves de ansiedade, 26% sintomas de depressão e 26% sintomas de perturbação de stress pós-traumático.

“São sobretudo as mulheres, os inquiridos entre os 18 e os 29 anos, os desempregados e os indivíduos com mais baixo rendimento quem apresenta mais frequentemente sintomas de sofrimento psicológico moderado a grave, ansiedade, depressão ou perturbação de stress pós-traumático”, adiantou a investigadora.

O impacto do teletrabalho

Relativamente às novas formas de organização do trabalho, suscitadas pela pandemia, 83% consideraram que, em particular o teletrabalho, podem vir a ter um impacto positivo na sua vida.

O inquérito aponta “a dificuldade na conciliação trabalho-família, a preocupação com a manutenção do trabalho ou preservação do rendimento, a perceção de menos apoio social ou familiar e a preocupação relativamente ao futuro são determinantes relevantes de problemas de saúde mental na população geral e também nos profissionais de saúde”.

No caso dos profissionais de saúde, “o rendimento, o tratar doentes com covid-19, o nível médio/baixo de resiliência, as dificuldades na conciliação trabalho-família, a falta de apoio social e familiar, e as preocupações face ao futuro são os principais fatores preditores de sofrimento psicológico”.

 

“Esta situação era expectável e decorrente desta situação pandémica. Não podemos dramatizar estes dados, mas também não os podemos minimizar. Mas o que é importante em tudo isto tem a ver com a informação para que se possam tomar as melhores medidas”, observou.

Este foi um estudo promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental e contou com o financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do projeto RESEARCH 4 COVID-19.

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