Sobrevivente de leucemia faz caminhada para angariar dinheiro para outros doentes
No dia em que soube que tinha leucemia, Ricardo fez uma promessa a si mesmo: fazer uma caminhada entre Lagos e Fátima em maio de 2020, a qual teve de ser adiada devido à situação pandémica. Determinado a cumprir a promessa este ano, decidiu aproveitar a ação simbólica e angariar fundos para uma causa com a qual se identificasse.
Ricardo Martins, sobrevivente de leucemia, está a realizar uma caminhada entre Lagos e Fátima, entre os dias 14 e 21 de maio, com o duplo objetivo de cumprir a promessa por ter vencido o cancro e angariar cem mil euros para o projeto social da casa de acolhimento “Porto Seguro”, um projeto da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) ainda em construção.
Em 2004, aos 31 anos, Ricardo foi diagnosticado com leucemia das células pilosas, considerada na altura um tipo muito raro de leucemia. Poucos dias passaram entre a primeira consulta, exames e o diagnóstico. Seguiu-se o tratamento que “na altura só tinha sido feito nos Estados Unidos, Japão, Alemanha e França. Em Portugal seria o primeiro a fazer e havia muito pouca informação em relação aos efeitos secundários. O meu médico teve de pedir uma autorização especial ao Ministério da Saúde para que pudesse fazer o tratamento”, explica.
“Na semana que estive em tratamentos tive muito tempo livre e comecei a pesquisar sobre a doença. Percebi que já tinha sintomas há bastantes meses e nunca liguei por andar sempre muito ocupado, ao ponto de não dar a devida atenção à minha própria saúde. Nessa altura, vi também as dificuldades que os pais de crianças em tratamento tinham para estar com eles. Muitos com poucas possibilidades para suportar as despesas e poder acompanhar os filhos numa altura em que mais precisa”, recorda Ricardo.
No dia em que soube que tinha leucemia, Ricardo fez uma promessa a si mesmo: fazer uma caminhada entre Lagos e Fátima em maio de 2020, a qual teve de ser adiada devido à situação pandémica. Determinado a cumprir a promessa este ano, decidiu aproveitar a ação simbólica e angariar fundos para uma causa com a qual se identificasse.
“Fiz uma pesquisa para encontrar algo que tivesse alguma relação comigo e que ajudasse as famílias das crianças que mais precisam nestas alturas difíceis. A escolha recaiu naturalmente sobre a APCL. A casa de acolhimento que está a ser construída relacionava-se perfeitamente com o que assisti quando fiz os meus tratamentos e que sempre pensei que um dia gostaria de contribuir para ajudar essas famílias”, refere Ricardo.
O percurso entre Lagos e Fátima, levará sete dias a ficar completo, totalizando mais de 340 quilómetros a pé. A iniciativa pode ser acompanhada nas páginas de Facebook e Instagram da APCL, assim como na Página de Facebook da própria ação. A campanha de angariação de fundos já está a decorrer e os donativos podem ser feitos através da plataforma Go Fund Me.
O projeto “Porto Seguro” da APCL consiste numa casa de acolhimento em Lisboa para doentes hemato-oncológicos, a transplantar ou em fase de terapêutica, e respetivo agregado familiar, para que durante o período de tratamentos e isolamento inerente à recuperação do doente, criança ou adulto, a família possa estar próximo e acompanhar, proporcionando assim o suporte emocional fundamental à recuperação. A casa, que se encontra em fase de construção, será a primeira casa de acolhimento para o efeito na capital. Este projeto de cariz social partiu da necessidade crescente que a Associação sentiu de apoiar famílias carenciadas com necessidade de se deslocar a outra cidade para se submeter a um transplante de medula óssea ou para acompanhar um familiar nessas circunstâncias.
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