Supremo dos EUA divulga por engano importante parecer sobre abortos de emergência

O Supremo Tribunal norte-americano admitiu hoje ter divulgado por engano ‘online’ um documento sobre um caso importante em que analisa a legalidade dos abortos de emergência no Estado de Idaho, parecer que não foi oficialmente publicado.

Supremo dos EUA divulga por engano importante parecer sobre abortos de emergência

“O departamento de publicações do tribunal colocou inadvertidamente e por pouco tempo um documento no ‘site’ da Internet do tribunal”, declarou a porta-voz do Supremo Tribunal, Patricia McCabe, num comunicado.

O documento, obtido pela agência Bloomberg, parece indicar que os juízes da mais alta instância judicial dos Estados Unidos são favoráveis a que se autorize o acesso aos abortos de emergência.

No comunicado, McCabe recordou que o parecer dos juízes do Supremo “não foi publicado” e que será emitido “na altura devida”.

Não se trata, portanto, de um parecer final, já que, segundo a comunicação social norte-americana, por tradição e de acordo com as normas do tribunal, os juízes podem mudar de opinião até ao momento da respetiva publicação.

De acordo com a estação televisiva CNN, é a segunda vez em dois anos que o tribunal divulga prematuramente uma decisão importante relacionada com um caso de aborto.

Há dois anos, o diário digital Politico obteve um rascunho da opinião do Supremo que revogava a decisão de 1973 Roe v. Wade — que fez jurisprudência nos Estados Unidos e estipulava que a Constituição dos Estados Unidos deveria proteger a liberdade individual das mulheres grávidas e garantir-lhes a opção de fazer um aborto sem qualquer restrição governamental -, um documento que era essencialmente o mesmo que o parecer final, publicado algumas semanas depois.

Desde que, em junho de 2022, o Supremo Tribunal norte-americano, de maioria conservadora, eliminou a proteção federal ao aborto, ao revogar Roe v. Wade, dezenas de Estados – entre os quais o Idaho — têm elaborado e aplicado leis restritivas do aborto.

No mesmo ano, o Governo do atual Presidente, Joe Biden, processou o Idaho – onde o aborto é proibido em todas as fases da gravidez -, argumentando que as restrições a esse procedimento de interrupção voluntária da gravidez são reguladas em parte pela lei federal e não podem ser aplicadas quando está em causa o salvamento da vida de mulheres grávidas.

Para defender essa posição, foi invocada a Lei do Tratamento Médico de Trabalho de Urgência (ENTALA, na sigla em inglês), uma lei com 40 anos que obriga os hospitais que recebem verbas federais a prestar cuidados médicos de emergência a qualquer pessoa, também em matéria de saúde reprodutiva.

ANC // PDF

By Impala News / Lusa

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