Talibãs querem discursar na Organização das Nações Unidas
Os talibãs pretendem que seja concedida autorização ao seu porta-voz, Suhail Shaheen, para falar aos líderes mundiais presentes da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
Os talibãs pediram para participar nas reuniões da 76.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que decorrem desde terça-feira e que se prolongam até segunda-feira, confirmou o porta-voz da ONU. O pedido consta de uma carta enviada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Amir Khan Muttaqi a António Guterres, secretário-geral da ONU, que indica ainda a nomeação de Suhail Shaheen como novo porta-voz do Afeganistão, em substituição do atual embaixador, Ghulam Isaczai.
Antes desta carta, a ONU já tinha recebido uma outra de Ghulam Isaczai, apresentando-se como o líder da delegação do país nas reuniões. Segundo o porta-voz da ONU, Farhan Haq, as duas cartas foram endereçadas ao comité de credenciais da Assembleia Geral, organismo formado por nove países, entre os quais Estados Unidos, China e Rússia. Apesar da tentativa, No entanto, é pouco provável que Amir Khan Muttaqi se possa dirigir à ONU para pedir a participação de Shaheen, já que o comité de credenciais não deverá reunir-se antes da próxima segunda-feira.
Ghulam Isaczai mantém-se (por enquanto) como porta-voz
Até ser anunciada a decisão do comité de credenciais da ONU, Ghulam Isaczai, permanecerá o porta-voz do país, não obstante os talibãs afirmarem que não representa o novo executivo. A situação não é inédita já que entre 1996 e 2001, período em que os talibãs também formaram Governo, o então representante do governo deposto manteve o seu lugar na organização, apesar de os talibãs terem pedido a sua substituição.
Os combatentes islamitas radicais asseguraram em várias ocasiões a intenção de formar um Governo “inclusivo”, que representasse todas as tribos e etnias do Afeganistão. A verdade é que, em 7 de setembro, anunciaram um governo totalmente masculino, só com ministros talibãs, incluindo veteranos da sua linha dura, que governou o país entre 1996 e 2001, e da luta de 20 anos contra a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos. Além disso, apenas aos alunos do sexo masculino foi permitido o regresso à escola.
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