Saiba para que serve e como é feito o transplante de fezes

O transplante de fezes é um procedimento simples que ajuda a recompor a flora intestinal de pacientes com doenças no sistema digestivo.

Saiba para que serve e como é feito o transplante de fezes

Apesar de estranho, o transplante de fezes pode ser útil em pacientes com doenças no intestino. É uma forma de tratamento que permite transferir fezes de um indivíduo para outro e é indicado particularmente em casos de colite pseudo membranosa, resultantes de infecções bacterianas e de doenças inflamatórias intestinais, como, por exemplo, a doença de Crohn. O transplante, porém, pode ser benéfico em casos como síndrome de intestino irritável, obesidade e, mesmo, autismo, de acordo com vários estudos científicos.

Para que serve o transplante de fezes

O propósito do transplante de fezes, ou transplante fecal, é a regulação das bactérias que vivem naturalmente no intestino, isto é: a flora intestinal, que recentemente passou a chamar-se microbiota intestinal. Uma flora intestinal saudável consegue-se através de uma alimentação saudável, rica em fibras. Um dos maiores inimigos da saúde da microbiota intestinal é o uso desnecessário de antibióticos. O transplante de fezes pode revelar-se, neste e noutros casos, uma forma eficaz de tratamento. Conheça-as a seguir.

Colite pseudomembranosa

Esta é a principal indicação para o transplante fecal. A colite pseudomembranosa é uma inflamação, ou, em casos mais severos, uma infecção do intestino pela bactéria clostridium difficile. As principais vítimas de uma colite pseudomembranosa são, maioritariamente, pacientes hospitalizados medicados com antibióticos, que eliminam indiscriminadamente as más e as boas bactérias. Assim, a redução, ou mesmo a eliminação, de bactérias intestinais saudáveis são o terreno ideal para que a colite pseudomembranosa se instale. Os principais sintomas passam por febre, dores abdominais e diarreias persistentes. Por norma, o tratamento é feito com antibióticos. Em casos em que a bactéria é resistente, o transplante de fezes é comprovadamente eficaz  para reequilibrar mais depressa a flora intestinal e,consequentemente, eliminar a infecção.

Doença inflamatória intestinal

A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa são as principais formas de doenças inflamatórias do intestino. Apesar de não se saber exatamente o que as provoca, o sistema imunitário e a ação de bactérias não saudáveis no intestino podem ser as origens destas condições. O transplante fecal pode ser a solução para minorar ou até levar à remissão total da doença de Crohn.

Síndrome do intestino irritável

A síndrome do intestino irritável tem várias origens. Alterações no sistema nervoso intestinal, por exemplo, mas também sensibilidade alimentar, genética e, até, alterações psicológicas. Alguns estudos têm demonstrado que a flora intestinal influi nas situações atrás descritas. Testes desenvolvidos nos últimos anos têm revelado que o transplante fecal é um tratamento promissor, apesar de a possibilidade de cura continuar por provar com 100% de certeza.

Obesidade e outras alterações do metabolismo

As alterações da flora intestinal podem ser uma das causas da obesidade. Há, aliás, indícios de que as bactérias modificam a forma como o organismo utiliza a energia proveniente dos alimentos, o que pode ser uma das origens da dificuldade que alguns indivíduos têm para emagrecer. O transplante de fezes pode ser o tratamento tanto para a obesidade como para outras alterações que determinam a síndrome metabólica, como hipertensão arterial, resistência à insulina, hiperglicemia, colesterol e triglicerídeos altos. Continua a investigar-se até que ponto este tratamento é eficaz e para que tipo de pacientes é mais indicado.

Autismo

Até hoje, existe apenas um estudo científico que relaciona pacientes com autismo e transplante fecal. Os investigadores observaram melhoria dos sintomas, mas está longe de ser provado que, de facto, há influência deste procedimento no tratamento da condição.

Como se faz o transplante de fezes

O transplante fecal faz-se através da introdução das fezes saudáveis de um doador no paciente. Recolhem-se aproximadamente 50 gramas de fezes que passam, posteriormente, por análises que certifiquem a inexistência da bactéria clostridium difficile nem outros parasitas. O passo seguinte consiste na diluição das fezes em soro fisiológico e posterior introdução no intestino do paciente através de sonda nasogástrica, clister retal, endoscopia ou colonoscopia. Pode ser necessário repetir o processo várias vezes, dependendo da doença a tratar e da gravidade da inflamação intestinal. O procedimento normalmente é rápido e não dor ou incómodo.

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