Trienal de Arquitetura quer avaliar peso das cidades com perguntas e exposições

A 7.ª Trienal de Arquitetura de Lisboa, que decorrerá entre 02 de outubro e 08 de dezembro, vai lançar perguntas sobre o impacto das cidades no mundo e propor futuros possíveis de coabitação através de três exposições.

Trienal de Arquitetura quer avaliar peso das cidades com perguntas e exposições

O conceito e os selecionados para os prémios do evento dedicado à arquitetura contemporânea foram apresentados no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, com a presença do presidente da Trienal, José Mateus, e os curadores Ann-Sofi Rönnskog e John Palmesino.

A sétima edição da Trienal vai ter como tema “How heavy is a city?” (“Quão pesada é uma cidade?”, em tradução livre), e manterá o programa de exposições, projetos independentes, conversas, o Concurso Universidades Trienal de Lisboa Millennium bcp, orientado para estudantes e investigadores, e os prémios Début e de Carreira.

Depois de, na sexta edição, em 2022, a trienal ter dedicado o tema à “Terra” com um forte apelo à ação ambiental – sob curadoria de Cristina Veríssimo e Diogo Burnay – este ano, devido ao contexto das alterações climáticas, “há uma maior consciência do impacto de um gesto ou atividade numa cidade a nível mundial”, apontou o arquiteto José Mateus, em declarações à agência Lusa.

“A mensagem forte desta edição é essencialmente o modo como temos de olhar para as cidades de uma forma diferente daquela que foi entendida durante muito tempo. As cidades já não se circunscrevem claramente dentro dos seus limites geográficos. A sua zona de influência é muito mais extensa, mais ampla, as dependências estendem-se ao outro lado do mundo”, sublinhou o presidente da Trienal de Lisboa.

“Com o peso da era do Antropoceno – em que as leis da natureza são completamente condicionadas pela atividade humana — temos de procurar saber cada vez mais como as cidades impactam a terra no seu todo”, apelou o responsável pelo evento criado em 2007, em Lisboa, e que se internacionalizou ao longo das diferentes edições.

Questionado sobre a responsabilidade da sociedade em geral e da arquitetura em particular para lidar com estas questões, José Mateus alertou para o consumismo, como “um dos maiores problemas atuais”, e, do lado dos arquitetos, há uma “crescente necessidade de encarar a situação num sentido multidisciplinar”.

“Arquitetos e engenheiros, no fundo, dependem das grandes disciplinas como a ciência, a geografia, a economia, a filosofia e sociologia. Esta edição é talvez a mais pluridisciplinar que já organizámos, a mais integrada”, avaliou o presidente da Trienal de Lisboa.

Este ano, os prémios terão um objeto simbólico como galardão que todos os vencedores irão receber, desenhado pelo arquiteto Álvaro Siza, concebido em pedra portuguesa aproveitada de desperdícios.

Na apresentação, os curadores Ann-Sofi Rönnskog e John Palmesino apontaram que “chegaram ao fim os anos de estabilidade climática, e verifica-se que os seres humanos são cada vez mais uma força geológica que impacta o planeta”.

“Houve grandes avanços tecnológicos que ajudaram a Humanidade, mas esses avanços estão a voltar-se contra a vida na Terra. Surgiu um novo paradigma, da tecnosfera, que não recicla energia ou matéria como o fazem a biosfera, a hidrosfera e a litosfera. No seu rasto deixa uma colossal quantidade de detritos, construção e poluição”, alertaram.

Os curadores Ann-Sofi Rönnskog e John Palmesino fundaram a Territorial Agency, uma organização sediada no Reino Unido que combina arquitetura, análise, advocacia e ação para intervir nos territórios contemporâneos.

A sétima edição da Trienal de Lisboa vai lançar um conjunto de perguntas, a partir da principal – “Quão pesada é uma cidade?” – cruzando projetos de arquitetura, arte e ciência, análise espacial e territorial, lançando discussões “que apontem para um entendimento de como a arquitetura, as cidades, a tecnologia e a biosfera podem interagir”.

O coração do programa assenta em três exposições – “Fluxes”, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, “Spectres”, no Museu do Design, e “Lighter”, no Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural de Belém (MAC/CCB) — elas próprias linhas de investigação com uma forte componente multimédia e multidisciplinar, e desenho expositivo de Fernando Brízio.

Também presente na apresentação, convidada para o encerramento, a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, sublinhou, no final, aos jornalistas, a importância do evento para “enfrentar, interpretar e dar respostas às grandes questões que o mundo coloca”.

“A estabilidade da estrutura da Trienal de Arquitetura de Lisboa garante a esta área disciplinar um papel central. É uma das principais estruturas que pensa a arquitetura do ponto de vista da sua responsabilidade social e urbana, desenvolvendo, com públicos cada vez mais diversificados, de outras áreas disciplinares, um conjunto de projetos transformadores que dão qualidade à vida cultural de Lisboa”, sublinhou a ministra da Cultura.

Sobre o impacto das alterações climáticas no património edificado, Dalila Rodrigues disse ser “fundamental passar à ação”: “Acabámos de constituir um grupo de trabalho [para as alterações climáticas] com um foco muito claro no património cultural com a responsabilidade de definir uma visão estratégica e também planos de mitigação”.

Os projetos independentes serão apresentados no MAC/CCB e no polo cultural da Trienal Palácio Sinel de Cordes, enquanto as conversas, com curadoria de Filipa Ramos, decorrerão entre 29 e 31 de outubro na Fundação Calouste Gulbenkian, outro dos parceiros do evento.

AG // MAG

By Impala News / Lusa

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