Vendas de Os Versículos Satânicos aumentam após ataque a Salman Rushdie

O ataque a Salman Rushdie, esfaqueado nos Estados Unidos, renovou o interesse do público pela obra do autor, em particular pelo romance publicado em 1988 Os Versículos Satânicos, cujas vendas registaram hoje uma subida.

Vendas de Os Versículos Satânicos aumentam após ataque a Salman Rushdie

O livro Os Versículos Satânicos é a origem da ‘fatwa’ (decreto da lei islâmica) declarada contra o autor pelo Irão desde 1989 e que lhe rendeu ameaças de morte. Na tarde de hoje, três edições do livro superaram o barómetro de vendas da Amazon, que acompanha os livros com o crescimento de vendas mais rápido nas últimas 24 horas, tendo o primeiro ‘best-seller’ do escritor, “Os Filhos da Meia-Noite”, ficado em quarto lugar. O ataque ao escritor, que causou ondas de choque em todo o mundo e condenações internacionais, ocorreu na sexta-feira numa pequena cidade no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Escritor britânico Salman Rushdie já não está ligado ao ventilador após ataque
Os médicos retiraram o ventilador a Salman Rushdie e o escritor britânico conseguiu falar, revelou Michael Hill, presidente de Chautauqua Institution, o centro cultural no estado de Nova Iorque onde Rushdie foi esfaqueado na sexta-feira (… continue a ler aqui)

Desde então, na emblemática livraria Strand Bookstore de Nova Iorque, vários livros foram vendidos no local, e também as vendas ‘online’ subiram. “As pessoas vinham e procuravam qualquer um dos seus escritos, queriam saber o que tínhamos”, disse Katie Silvernail, gerente de departamento da loja, que vende livros novos e usados, à AFP. Na rede social Twitter, várias pessoas apelaram à compra das obras de Salman Rushdie como sinal de solidariedade. Também o jornal satírico francês Charlie Hebdo, que foi alvo de um ataque islâmico em 2015, criticou hoje o ataque a Salman Rushdie. “Bem, não, teremos que repetir várias vezes que nada, absolutamente nada justifica uma ‘fatwa’, uma sentença de morte, de ninguém por nada”, escreveu Riss, editor-chefe do Charlie Hebdo e um dos poucos sobreviventes do ataque de 2015, numa publicação no ‘site’ do jornal.

Na rede social Twitter, várias pessoas apelaram à compra das obras de Salman Rushdie como sinal de solidariedade

Em janeiro de 2015, Charlie Hebdo foi vítima de um ataque islâmico que matou 12 pessoas, incluindo os cartonistas Charb, Cabu e Wolinski, depois de publicar caricaturas do profeta Maomé. As autoridades de Nova Iorque acusaram hoje Hadi Matar, alegado autor do esfaqueamento do escritor Salman Rushdie, de tentativa de assassínio e agressão, permanecendo detido sem direito a fiança. O ataque ocorreu na sexta-feira, no palco do Chautauqua Institution, um centro cultural situado no estado de Nova Iorque, onde Rushdie se preparava para discursar. Matar, de 24 anos, vive no estado vizinho de Nova Jérsia e ainda não se sabe o motivo que o levou a agredir o escritor britânico, que se encontra hospitalizado e ligado a um ventilador. Salman Rushdie incendiou parte do mundo muçulmano com a publicação, em setembro de 1988, do livro “Os Versículos Satânicos”, levando o fundador da República Islâmica do Irão, ayatollah Rouhollah Khomeini, a emitir uma “fatwa” (decreto religioso) em 1989 pedindo a sua morte.

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