«Neste momento não podemos dizer se há ou não, só se vai perceber isso, depois de passar esta situação. Não temos estudos científicos, mas perceção empírica de profissionais nesta área, pode propiciar o aumento de violenta domestica. E pode fazê-lo em dois níveis: nos casais em que nunca existiu violência. O facto da proximidade e estarmos confinados ao mesmo espaço, expostos a toda  tensão, o medo e a ansiedade que estes momentos libertam. Estamos todos em grande stress e por isso podem surgir situações  pontuais, seja violência psicológica e física. Acontece muita violência psicológica…», interrompe para continuar:

«E depois os casos em que já há violência. Aquilo que nós temos percebido é que por um lado as vitimas têm adotado comportamentos mais defensivos. Em quarentena, estão muito mais controladas pelo agressor, o acesso às queixas é mais complicado. O controlo e o poder está exponenciado. Por isso é que nós dizemos que os vizinhos tornam-se muitos importantes nesta altura.»

Daniel Cotrim revela como é que os vizinhos podem ajudar a minorar casos de violência doméstica. «É importante, por exemplo, colocar nas escadas do prédio que a violência domestica é um crime e que de deve denunciar. Tal como se colocou  para ajudar idosos nas compras de supermercado. Desta forma mostram ao agressor que os vizinhos vão estar atentos e pode de facto travar», explica.

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Na China já se verificou esse aumento

“De acordo com as nossas estatísticas, 90% das causas da violência estão relacionadas com a Covid-19“, disse Wan Fei à revista Sixth Tone. Em Hubei, as denúncias quase que quadruplicaram: em fevereiro, contabilizam-se 162 face às 47 do mesmo mês do ano passado.

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Texto: Ana Lúcia sousa