Como a tristeza da avó de Ricardo Araújo Pereira fez dele o humorista que é hoje

Ricardo Araújo Pereira emocionou Daniel Oliveira ao falar da avó

«Perante uma situação difícil ou embaraçosa, qualquer coisa que nos faça rir produz um alívio. Só que, se calhar, esse alívio é bastante passageiro». Começou assim a entrevista de Ricardo Araújo Pereira (RAP) a Daniel Oliveira, emitida em repetido no Alta Definição deste sábado, 4 de janeiro.

O arranque da conversa com o apresentador foi uma homenagem à «pessoa mais importante» da vida do humorista: a avó. RAP deixou-se levar pela emoção e explicou que esta foi «decisiva» na sua vida. « Tudo o que eu faço é por causa dela. A sombra da morte estava sempre presente lá em casa porque ela estava sempre vestida de preto. Ficou viúva muito cedo. O ambiente era bastante carregado e claro que para mim, um miúdo, a ideia de fazer rir a pessoa mais importante da minha vida era muito atraente», recordou.

«O riso é muitas coisas e não é necessariamente alegria, mas para um miúdo, parece. A ideia de lhe poder dar um instante de alegria era uma coisa que eu levava muito a sério»

«Desperdicei a infância a tentar fazer rir uma velhota»

Ricardo, de 45 anos, garante que se leva «avanço à generalidade das pessoas relativamente à capacidade de fazer rir outra pessoa» é porque, em criança, se dedicou de corpo e alma à avó. «Desperdicei a infância a tentar fazer rir uma velhota enquanto tu estavas a jogar à bola ou xadrez», disse a Daniel Oliveira.

«Não sei qual é a tua experiência com avós, mas… os avós… nunca mais vamos ter amor daquele. Eles amam de uma maneira especial porque têm tempo, experiência, disponibilidade», acrescentou, deixando o apresentador com lágrimas nos olhos. De facto, o também Diretor de Programas da SIC foi criado pelos avós maternos.

«Gosto de batatas moles»

Uma das histórias que derreteu Daniel Oliveira foi a analogia que RAP fez entre os almoços da sua infância, pelo menos até aos 12 anos, e esse amor que os avós conseguem dar aos netos de forma inigualável.

«Os velhotes almoçam cedo e a minha avó não queria que me faltasse nada. Se o almoço era as 12h30, às 11h00 ela já tinha tudo pronto», lembra, exemplificando com uma refeição de «bife com batatas fritas». «A minha avó fritava as batatas às 11h00 e punha-as num prato com a tampa da panela em cima (…). As batatas ficam moles», prossegue.

«Eu nunca comi batatas estaladiças na vida porque estavam prontas hora e meia antes do almoço. Agora, sempre que como batatas estaladiças, percebo que essa pessoa [que as fez] não me ama, porque ela arriscou a que as batatas não estivessem prontas na hora de comer. Eu gosto de batatas moles», terminou.

 

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: SIC

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