Consumo de leguminosas, raízes e tubérculos aumenta nos próximos 10 anos

O consumo de leguminosas, raízes e tubérculos deverá crescer 1,9% por ano em todo o mundo até 2028, de acordo com um relatório hoje divulgado, que também prevê um novo aumento no consumo global de carne.

Consumo de leguminosas, raízes e tubérculos aumenta nos próximos 10 anos

O consumo de leguminosas, raízes e tubérculos deverá crescer 1,9% por ano em todo o mundo até 2028, de acordo com um relatório hoje divulgado, que também prevê um novo aumento no consumo global de carne. Segundo o documento “Perspetivas Agrícolas para o período 2019-2028”, publicado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), as lentilhas, favas e feijões secos serão, enquanto fontes de proteína, os principais alimentos básicos daqui a uma década.

O consumo mundial de cereais também deverá crescer, mas apenas 1,2% por ano na próxima década, enquanto o consumo de produtos de origem animal (carnes e laticínios) deve aumentar 1,7% por ano, e o de açúcar e óleos vegetais 1,8%.

Num mundo onde a população mundial vai aumentar e tornar-se mais abastada, a procura de produtos agrícolas será diferente consoante as regiões.

Na Ásia, onde o rendimento per capita deverá crescer drasticamente até 2028, é esperado que o consumo de carne — sobretudo de aves e de porco – aumente 5 kg por pessoa por ano, enquanto na China cada um comerá, em média, mais 4 kg de carne por ano.

No sul da Ásia, por outro lado, o crescimento dos rendimentos levará a um aumento da procura de produtos lácteos, açúcar e óleo vegetal, sendo que os laticínios e as leguminosas continuarão a ser as principais fontes de proteína nessa região. É no Paquistão que se prevê que o crescimento do consumo de laticínios passe a ser o mais alto do mundo, com um aumento de 42 kg por pessoa, até 2028.

De acordo com o documento, a maioria dos alimentos básicos será mais barata nos próximos dez anos, já que a produção agrícola aumentará 15%, principalmente nos países em desenvolvimento e emergentes.

Os especialistas explicam no relatório que os preços vão diminuir entre 1 e 2% por ano, algo positivo para milhões de consumidores, mas que pode representar um problema para os agricultores.

O aumento deve-se sobretudo a uma maior intensificação da agricultura e maior rendimento de alguns países, já que não se esperam grandes mudanças no uso da terra.

O aumento da produção servirá para enfrentar o crescimento da procura, marcada por um ‘boom’ populacional na África subsaariana, por um maior rendimento dos consumidores nas economias emergentes e pela maior consciencialização em relação à saúde e ambiente nos países desenvolvidos.

De acordo com as perspetivas agrícolas até 2028, a produção pecuária vai aumentar, acompanhada de uma maior utilização de alimentos de maior eficácia, e da aquacultura, que, daqui a 10 anos, representará 55% da produção de peixe. Com isto, as emissões de gases com efeito de estufa com origem direta na agricultura, que representam 11% do total, continuarão a crescer 0,5% por ano até 2028.

O documento adianta ainda que, atualmente, a agricultura usa quase 40% da terra existente no planeta, dos quais cerca de 70% são pastagens, um nível que deve permanecer estável nos próximos 10 anos.

Apesar de a área agrícola se manter mais ou menos inalterada, as pastagens deverão reduzir-se para crescer as áreas cultivadas.

Dependendo da região, a evolução será diferente: na América Latina e nas Caraíbas, as terras cultivas e as pastagens deverão aumentar à custa da desflorestação em curso, enquanto em África, apesar de haver grandes extensões de terra disponível na região subsaariana, não é esperado que as zonas cultivadas aumentem, seja devido a “conflitos nos países onde a terra é abundante”, seja por causa da expansão urbana e das atividades de mineração.

Na América do Norte e na Europa, o crescimento da produção agrícola deverá ser “muito modesto”, até porque os rendimentos e a produtividade já são geralmente altos e “as políticas ambientais limitam essa expansão”, observa o relatório.

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