Daniel Chapo investido como quinto Presidente moçambicano

A presidente do Conselho Constitucional investiu hoje Daniel Chapo como quinto Presidente da República de Moçambique, em cerimónia que está a decorrer no centro de Maputo sob fortes medidas de segurança.

Daniel Chapo investido como quinto Presidente moçambicano

Chapo leu o termo de posse e prestou juramento às 11:12 locais (menos duas horas em Lisboa), perante os aplausos dos convidados.

Conforme previsto no programa da cerimónia, a presidente do Constitucional, Lúcia Ribeiro, recebeu os símbolos do poder pelo Presidente cessante, Filipe Nyusi, e poucos minutos depois fez a investidura de Daniel Chapo como novo Presidente da República de Moçambique.

A cerimónia está a decorrer na Praça da Independência, no centro de Maputo, sob fortes medidas de segurança no exterior e no acesso ao recinto, face ao anúncio de manifestações e protestos, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições de 09 de outubro, os quais já provocaram 300 mortos e mais de 600 feridos a tiro, segundo organizações no terreno.

De acordo com o programa oficial da cerimónia de hoje, após a investidura, seguem-se discursos oficiais, momentos culturais, 21 salvas de canhão e a revista à Guarda de Honra das Forças Armadas de Defesa de Moçambique pelo novo comandante-em-chefe, Daniel Chapo, bem como um desfile militar.

Atual secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Daniel Chapo era governador da província de Inhambane quando, em maio de 2024, foi escolhido pelo Comité Central para ser candidato do partido no poder à sucessão de Filipe Nyusi, que cumpriu dois mandatos como Presidente da República.

Em 23 de dezembro, Daniel Chapo, 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais de 09 de outubro, que incluíram legislativas e para assembleias provinciais, que a Frelimo também venceu.

Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, em 2000, Daniel Francisco Chapo nasceu em Inhaminga, província de Sofala, centro de Moçambique, em 06 de janeiro de 1977, sendo por isso o primeiro Presidente da República nascido já depois da independência do país (1975).

Em entrevista exclusiva à Lusa em 04 de outubro, Daniel Chapo afirmou que nunca tinha equacionado concorrer à Presidência, mas que recebeu essa “missão” para “servir o povo”.

“Não, porque na Frelimo recebe-se missões. Nunca imaginei que seria um administrador distrital, mas depois como membro da Frelimo, fui chamado a esta missão, de dirigir o distrito de Nacala-Velha, em Nampula. Depois também recebi a missão de dirigir o distrito de Palma em Cabo Delgado, quando começaram os projetos de gás e depois também governador de Inhambane”, explicou.

Os Presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, são os únicos chefes de Estado presentes na cerimónia de hoje, com 2.500 convidados.

Além de dois estadistas, estão presentes três vice-Presidentes, nomeadamente da Tanzânia, Maláui e Quénia, bem como os primeiros-ministros de Essuatíni e do Ruanda e oito ministros, incluindo o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel.

A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane — candidato que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória — em protestos a exigirem a “reposição da verdade eleitoral, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

 

PVJ // VM

By Impala News / Lusa

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