Ações da promotora chinesa Sunac caem 22% após pedido de liquidação em Hong Kong
As ações da Sunac, uma das maiores empresas chinesas de construção civil, afundaram quase 22%, depois de uma empresa estatal ter apresentado um pedido de liquidação da Sunac em Hong Kong
A notícia foi confirmada pela própria promotora num comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotada.
O documento especifica igualmente que a audiência em tribunal sobre o pedido da empresa estatal de gestão de ativos Cinda foi marcada para 19 de março.
A Sunac tinha um passivo total de cerca de 896 mil milhões de yuan (118,8 mil milhões de euros) no final do primeiro semestre de 2024, durante o qual registou um prejuízo líquido de quase 15 mil milhões de yuan (1,98 mil milhões de euros).
Este caso distingue-se de outros semelhantes, como os da Evergrande ou Country Garden, que também enfrentam pedidos de liquidação, porque o queixoso é uma empresa pública chinesa e não um credor privado, apesar de, nos últimos meses, Pequim ter prometido repetidamente medidas para estabilizar o setor imobiliário.
Em outubro de 2023, a Sunac conseguiu que a justiça de Hong Kong aprovasse o acordo a que tinha chegado com credores para reestruturar cerca de 10,2 mil milhões de dólares (9,7 mil milhões de euros) de dívida emitida nos mercados internacionais.
A agência de notação financeira Standard & Poor’s afirmou na altura que a decisão iria abrir caminho para a reestruturação da dívida ‘offshore’ de outros promotores chineses em situações semelhantes, ao conseguir renovar as obrigações para ganhar tempo.
A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para os promotores que tinham acumulado elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares (320 mil milhões de euros).
O Governo chinês anunciou, entretanto, uma série de medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem também linhas de crédito multimilionárias a vários promotores.
Foi dada prioridade à conclusão de projetos comprados em planta, uma questão que preocupa Pequim devido às suas implicações para a estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.
No entanto, o mercado não está a responder: as vendas comerciais medidas por área útil caíram 24,3% em 2022 e mais 8,5% em 2023.
Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é precisamente a crise no setor imobiliário, cujo peso no PIB [Produto Interno Bruto] da China – somando fatores indiretos – é estimada em cerca de 30%, segundo alguns analistas.
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By Impala News / Lusa
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